Henrique Meirelles deixou o cargo de ministro da Fazenda na última semana e filiou-se ao MDB para participar das eleições de outubro. Nesta terça-feira (10), Eduardo Refinetti Guardia assumiu oficialmente o lugar deixado pelo novo integrante do partido de Michel Temer. Entretanto, quem é o homem nomeado para comandar a economia brasileira pelos próximos nove meses?
Natural de São Paulo, Guardia tem 52 anos, graduação pela PUC-SP, mestrado pela Unicamp e doutorado pela USP. Ocupava o cargo de secretário-executivo da Fazenda desde junho de 2016, um mês após Meirelles ter assumido como ministro . Antes disso, era diretor financeiro e de produtos na BM&FBovespa, onde atuou entre os anos de 2010 e 2016. Ele já havia trabalhado na GP Investimentos e na Pragma Gestão de Patrimônio.
A vida política tornou-se notável já em 1998, quando foi nomeado assessor especial da Fazenda no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, o Ministério era comandado por Pedro Malan. No ano seguinte, Guardia assumiu a posição de secretário-adjunto do Tesouro Nacional, onde ficou até 2002. Entre 2003 e 2006, foi secretário de finanças do Estado de São Paulo na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB).
Guardia ficou conhecido pela participação efetiva em processos de privatização de empresas estatais. O principal deles foi o do banco Banespa, de São Paulo. Além disso, o novo ministro da Fazenda atuou também em acordos de empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mesmo sendo o nome preferido de Meirelles para assumir o cargo, Guardia enfrentava resistência no Congresso, que o considerava “sem jogo de cintura” e linha-dura. Atuando em negociações de socorro aos Estados em dificuldades financeiras, por exemplo, foi um dos responsáveis por barrar auxílio de R$ 600 milhões ao Rio Grande do Norte.
Continuidade e desafios
Especialistas apostam que Guardia simplesmente dará continuidade ao trabalho de Meirelles. Entre eles, há uma ideia de que será difícil avançar em pautas que fujam das atribuições diárias referentes ao orçamento, como a privatização da Eletrobras, por exemplo.
Isso pode ser explicado por diferentes motivos. O primeiro deles seria a proximidade das eleições, o que diminui a efetividade de parlamentares para a votação de temas considerados mais delicados, como é o caso da reforma da Previdência. Uma possível candidatura de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara dos Deputados, também poderia ter efeitos sobre a pauta da Casa.
Portanto, entre os maiores desafios que o novo Guardia enfrentará, estão a necessidade de definir a meta de rombo nas contas públicas de 2019, o progresso da reforma tributária e a solução para a quebra da “regra de ouro”, que proíbe a utilização de empréstimos para gastos do dia a dia.
Com tudo isso, o novo ministro não deve ter problemas para cumprir a meta fiscal e o teto de gastos estipulado pelo governo. Em 2017, o deficit primário das contas ficou em R$ 124,4 bilhões. Para 2018, é projetado um resultado negativo de R$ 159 bilhões.