Na última terça-feira (30), a Câmara Municipal realizou a sessão especial Irmão Rodolfo de Taizé, voltada a homenagear profissionais da educação de surdos. A iniciativa foi proposta pelos mandatos dos vereadores Anderson Xará e Cleto da Banana. O evento reuniu educadores, intérpretes de Libras, estudantes, representantes de instituições e autoridades locais, em um momento de reconhecimento à importância desses profissionais para a inclusão e o fortalecimento da cidadania.
Na abertura, o presidente da Casa Legislativa, Cleto da Banana, destacou a relevância da homenagem e enfatizou o papel transformador dos profissionais da educação de surdos.
“É com alegria e gratidão que a Câmara Municipal realiza esta sessão especial, dedicada a reconhecer e celebrar os profissionais da educação de surdos. A missão de vocês vai além do ensino comum: exige sensibilidade, paciência e um compromisso inabalável com a inclusão. Vocês são a ponte entre o mundo da audição e o da Libras, garantindo o direito à comunicação e promovendo, ao mesmo tempo, a identidade e a cultura surda”, declarou.
Na sequência, o vereador Anderson Xará ressaltou a importância da inclusão e o simbolismo do painel com a palavra “Libras”, que intitula a sala das intérpretes no plenário da Câmara. “Convido todas as pessoas presentes, nesta audiência tão importante, que olhem para aquela sala, na qual está escrito ‘Libras’. Sabem o que aquilo significa? Uma conquista fruto do trabalho de pessoas que dedicaram suas vidas para garantir comunicação e dignidade”, afirmou.
O vice-prefeito de Alagoinhas, Luciano Sérgio, destacou a força simbólica da homenagem e relembrou sua trajetória ligada aos movimentos sociais e à comunidade Taizé: “Imaginar Alagoinhas sem a comunidade Taizé ou sem a Escola Nova Esperança é muito difícil, porque esses espaços transformaram vidas e deram protagonismo a quem era invisibilizado. Hoje, homenageio todas as intérpretes de Libras e reafirmo que esta conquista trouxe pertencimento e valorização para o Legislativo. Como filho dos movimentos sociais, quero seguir sendo parte da solução para avançarmos ainda mais na inclusão.”
A intérprete de Libras da Câmara Municipal, Dilcinea Reis (Néa), fez sua audiodescrição e destacou a homenagem à memória de Irmão Rodolfo, responsável por iniciar o processo de inclusão que hoje tem continuidade no Legislativo. “Se nós chegamos até aqui é porque houve o Irmão Rodolfo de Taizé, que, preocupado com a falta de comunicação com os surdos, iniciou esse processo de inclusão. Por isso esta sessão especial é intitulada com o seu nome e possui sua imagem na identidade visual. Foi ele quem deu início a tudo isso que hoje celebramos”, recordou.
O presidente da Associação da Pessoa com Deficiência de Alagoinhas e Adjacências, Elimar Pereira – mais conhecido como Mc Mamah -, também agradeceu aos profissionais de Libras pelo trabalho dedicado à inclusão: “Quero agradecer a vocês por me proporcionar este momento tão importante, que é o de reconhecer os profissionais intérpretes de Libras que trabalham com a comunidade surda. Sabemos quanto é difícil implantar a inclusão, mas quando encontramos profissionais com empatia, compromisso e dedicação, temos que parabenizar. Em nome da comunidade surda, agradeço a todos vocês.”
Já a diretora da Escola Municipal Nova Esperança e representante da comunidade Taizé, Claudiana Bitencourt, ressaltou a trajetória de inclusão da instituição e agradeceu a homenagem. “A Escola Nova Esperança tem uma história lindíssima, que acolheu e acolhe tantas pessoas com deficiência, garantindo não um favor, mas um direito legal à inclusão. Estar aqui hoje representando a escola é uma honra, porque a Escola e a comunidade Taizé sempre foram símbolos desse compromisso. Mesmo diante dos desafios atuais, seguimos acreditando que o conhecimento deve ser semeado e multiplicado, e esta homenagem reconhece esse trabalho”, disse.
A vice-presidente da Associação de Surdos, Nancy Manoele – pessoa surda -, fez sua audiodescrição e ressaltou a importância do apoio recebido ao longo de sua trajetória escolar. “Desde pequena estudei na Escola Comunitária Nova Esperança, onde, mesmo sendo surda, tive intérprete de Libras e profissionais capacitados para nos ensinar. Quero agradecer e dizer que estou muito feliz por este momento”, relatou.
No mesmo sentido, a coordenadora pedagógica do Centro de Atendimento Multidisciplinar Educacional Especializado em Inclusão (AMEEI), da Secretaria Municipal de Educação, Ivone Santos Carneiro, destacou a importância da Escola Nova Esperança e a contribuição da comunidade Taizé para a inclusão.
“Fui presenteada quando assumi o AMEEI e passei a trabalhar na Escola Nova Esperança, onde aprendi muito e fui bem recebida. Conheci a história do Taizé e sei que lá se desenvolveu um trabalho que transformou vidas, não apenas na educação de surdos, mas de todas as pessoas com deficiência que por lá passaram. Hoje, representando a Secretaria de Educação e o Núcleo de Inclusão, reafirmo que estamos no caminho para dar continuidade a esse legado e ampliar o atendimento, porque a inclusão precisa avançar cada vez mais”, defendeu.
Reconhecimento
No evento, foi exibido um vídeo com depoimentos sobre a importância da acessibilidade no Legislativo. O professor Bruno Pedra, da Universidade do Estado da Bahia, relatou sua emoção ao visitar a Câmara de Alagoinhas e conhecer a estrutura dedicada à comunidade surda. “Fiquei emocionado quando vi a sala do intérprete de Libras, a acessibilidade na Câmara e o cuidado com a comunidade surda. Em Salvador, muitas vezes não temos esse suporte. Aqui em Alagoinhas, sempre há intérprete de Libras. Isso é motivo de orgulho”, afirmou.
O vídeo também reuniu falas da equipe de intérpretes de Libras da Casa Legislativa que atua diariamente no plenário. A intérprete Inadilce Reis (Dil) destacou: “A Libras garante que as pessoas surdas se apropriem dos seus direitos como cidadãos, por isso é importante que haja acessibilidade na comunicação em todas as proposições do Legislativo.” Ao seu lado, Douglas Natan ressaltou a aproximação entre a comunidade surda e o Parlamento Municipal, enquanto Lamuthy Vasconcelos reforçou que garantir acessibilidade é assegurar a participação política e social.