Ao contrário do modelo atual, onde secretários das diversas áreas da prefeitura vão à Câmara Municipal e apresentam as contas do quadriênio através de slides, com microfones e telão, nos anos de 1930 até final dos anos 1960, a mensagem do prefeito e a prestação de contas da administração eram feitas anualmente, impressa em formato de livreto e distribuída aos vereadores e munícipes presentes ao plenário do antigo Paço Municipal, na Praça Graciliano de Freitas.

O Memorial do Legislativo possui três exemplares, um de mensagem anual do prefeito e duas de prestação de contas anual. A prestação de contas do então prefeito Antonio Martins de Carvalho Junior traz o relatório do período administrativo compreendido no quadriênio de 7 de abril de 1955 a 7 de abril de 1959, além de um compilado de informações do primeiro período em que fora intendente municipal, assumindo os trabalhos da administração da cidade entre os anos de 1937 a 1943, período em que o Paço Municipal era o antigo prédio iniciado em 1899, inaugurado em 1902, em anexo à prefeitura Municipal.

O relatório apresentado à Câmara e à sociedade em livreto foi impresso na tipografia municipal de Alagoinhas, contém 64 páginas em tamanho 12 X 15, papel simples, e traz em seu miolo informações, fotos e números das contas públicas do período.

Mesmo impresso, o prefeito Antonio Martins de Carvalho Junior comparecia à Câmara Municipal para fazer a leitura e respondia às perguntas dos vereadores. O ato era uma exigência da Lei 140, de 22 de dezembro de 1948.

Ele inicia abordando o Mercado Novo, hoje chamado de Mercado do Artesão. Em 1955, o então prefeito Antonio Martins encontrou a obra bastante adiantada, com o lado que dá frente à rua Sóror Joana Angélica já pronto, faltando concluir o pavimento superior, hoje utilizado pela Secretaria de Meio Ambiente.

O relatório cita ainda as praças Rui Barbosa, J. J. Seabra, Padre Alfredo e, com foto, a praça Barão do Rio Branco, hoje conhecida como a praça do Senai. Ainda existia a arborização igual à praça J. J. Seabra, retirada nos anos 1990, dando lugar a outras árvores.

O relatório traz também uma descrição de terras pertencentes à prefeitura desde o Matadouro Público, na rua Philadelfo Neves, até a rua Carlos Gomes. Parte desse terreno foi cedido pela prefeitura à Colônia Agrícola do Estado da Bahia – no passado recente chamada de EBDA-, uma parte ao Patronato de Menores, onde hoje é o 4º Batalhão da Polícia Militar.

Como forma de urbanizar e atrair moradores entre o Matadouro Público e a rua Carlos Gomes, a administração solicitou ao arquiteto Manoel Inácio de Viana Bandeira a criar 83 lotes. Vendidos e regularizados, passaram para as mãos de seus novos proprietários, dando início à modernização da área, hoje uma das mais valorizadas da cidade e com grande apelo comercial. O documento apresentado com as contas anuais da cidade tem a assinatura do então contador José Marcelino da Silva.

Impressa pela Tipografia São Miguel, de Salvador, o livreto, no formato 14 x 21, a mensagem anual do prefeito José da Silva Zi, em 7 de abril de 1961, traz as contas referentes ao segundo ano da administração, bem como o projeto a ser executado no ano em que se apresentara.

O ano de 1961 era desafiador, pois a cidade almejava ampliar sua rede de energia elétrica, de calçamento e assistência social, mas com destaque à modernização da gestão pública com a instalação da Recebedoria de Rendas, totalmente aparelhada, dispondo de fichários, arquivos de aço, máquinas de escrever e calcular, balcão, carteiras e outros.

O prefeito José da Silva Azi já se espelhava na arrecadação dos Royalties do petróleo como base da renda municipal, mas, após contrair um empréstimo de CR$ 5 milhões, apostando na estimativa prevista, o município arrecadou apenas CR$ 986 mil. Ficou com um déficit de mais de CR$ 4 milhões a serem pagos a posterior.

Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas

Fotos – Vanderley Soares

 

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