A equipe de campanha do candidato do PSL ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro, se reúne no começo da próxima semana, em São Paulo, para tentar pôr fim a divergências internas na reta final do primeiro turno das eleições 2018. O encontro foi acertado com o presidenciável, que se recupera no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, do atentado sofrido na semana passada.

A ideia é dar uma demonstração pública de coesão depois de uma semana de atritos nos bastidores entre os grupos do general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), candidato a vice na chapa, e do presidente do PSL, Gustavo Bebianno. Além de Mourão e Bebianno, devem participar do encontro três filhos de Bolsonaro: Flávio, Carlos e Eduardo. Nesta terça-feira, 11, Mourão e os também generais da reserva Augusto Heleno Ribeiro e Oswaldo Ferreira, e o presidente do PRTB, Levy Fidelix, se reuniram em Brasília. Bebianno não compareceu.

Durante o encontro, Fidelix reclamou que o presidente do PSL tentava impedir que Mourão ocupasse o papel de vice no momento de ausência de Bolsonaro. “É preciso acertar os ponteiros”, disse um aliado próximo do candidato. Responsável pela filiação de Bolsonaro ao PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE) avaliou que é “natural” que depois da “tragédia” do atentado e o isolamento do presidenciável no hospital, os aliados ficassem mais distantes. “Tem diálogo. Agora, é natural que o pessoal fique mais contido”, disse. “É um momento de muita tensão”, completou.

Bivar observou que a saída de Bolsonaro das ruas prejudicou especialmente as atividades de campanha no Nordeste, onde o presidenciável tinha extensa agenda de viagens às principais cidades da região. Os descompassos na campanha ficaram mais nítidos nesta quinta-feira, 13, dia seguinte à segunda cirurgia, o que levou médicos a aumentarem as restrições de acesso ao seu quarto. Vídeos e entrevistas que o candidato tinha planejado foram suspensos.

Com Bolsonaro no hospital e PSL e PRTB se desentendendo, a campanha segue sem unidade. Nesta sexta-feira, 13, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez campanha em Sorocaba para mais um mandato na Câmara. Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que concorre ao Senado, comanda uma carreata em Campo Grande hoje. Já Mourão foi ao Paraná e Manaus. Nesta sexta-feira, no Einstein, Flávio negou haver divisão na campanha. “Não há nada disso”, afirmou. “Estamos todos unidos, soldados do capitão.” Segundo ele, ainda não é possível planejar o retorno de Bolsonaro à campanha, mas o pai fica perguntando pelo andamento da campanha. “Se dependesse dele, estaria na rua fazendo campanha, mas ele vai seguir obedecendo aos médicos.”

Estadão