“Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”, foi com esse titulo que um coletivo de estudantes dos campus de Alagoinhas, Serrinha e Coité da UNEB, que durante os 65 dias de greve dos servidores das universidades estaduais permaneceram ao lado dos grevistas, decidiram se manifestar contra o acordo firmado entre sindicato dos professores e o governo do estado no último dia 11 de junho.
Em nota escrita pelos estudantes e que está sendo divulgada nas redes sociais, eles acusam os professores de aceitarem o que classificam como migalhas do governo, e pior, sem dialogar com a classe que permaneceu ao lado dos professores durante todo o periodo.
Com o acordo, o governo do estado aceitou pagar os salários cortados dos grevistas, que em contrapartida deveriam fazer a reposição das aulas não dadas durante o movimento. Os professores estão entregaram um plano de reposição de aulas que está previsto para iniciar nesta segunda-feira(17), o que atinge em cheio o recesso junino.
Os alunos reclamam que é justamente nesse periodo que aqueles que estudam em outras cidades visitam seus familiares. Eles também alegam que o transporte escolar só estará disponível até o dia 18, retornando somente após o recesso junino. Além dos custos extra com o transporte, tem os custos com alimentação durante o dia na universidade.
Veja a nota redigida pelos estudantes na íntegra:
“Você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão”
Nós, discentes da UNEB dos campus de *Alagoinhas, Serrinha e Coité*, viemos a público manifestar nosso sentimento de revolta com o término da greve dos docentes aprovada no dia 12 de junho de 2019.
Em greve há 65 dias os docentes da Universidade do Estado da Bahia, ontem, decidiram aceitar as migalhas dadas pelo Governo do Estado, sem nenhum diálogo com aqueles que desde o início foram as bases de suas manifestações, o movimento discente.
O posicionamento dos estudantes do interior foi o de não se manifestar contrário a deflagração da greve, por entender que estávamos lutando por um bem maior: a educação, a melhoria no ensino e aplicabilidade do conceito de universidade pública, gratuita, laica, emancipadora, inclusiva e de qualidade.
Entretanto o que presenciamos desde o início, foi desrespeito com os estudantes dos campi do interior. Que com suas diversas realidades foram suprimidos em todas as mesas de negociação. Com a anuência de pseudo-estudantes, que se beneficiaram desde o início com os holofotes dado pela ADUNEB e demais representações sindicais.
O recesso junino no estado da Bahia, assim como nos demais estados do NE, propõe um calendário de recesso festivo. Um momento que os estudantes, principalmente os que estudam longe de sua cidade natal, têm para reencontrar seus familiares. Tomar a decisão de retorno às aulas em pleno ínicio de recesso é não pensar nessas possibilidades.
Para além disso, não foi levado em conta os estudantes que necessitam das frágeis políticas de assistência e permanência estudantil. Estudantes que necessitam de transporte escolar (cedidos pela prefeitura, que entrarão em recesso dia 18), alimentação durante o dia na universidade, em que neste sentido, impactam em custos que para essa classe, tem um impacto significativo.
O contexto geral do país, em plena recessão, altas taxas de desemprego, famílias em plena dependência de políticas sociais para sobreviverem, demonstra um clima de fragilidade política, institucional e econômica. Assim como toda sociedade, a classe Estudantil sente os fortes impactos dessa crise.
Diante de toda esta situação, nós estudantes da Universidade do Estado da Bahia, Campus II, XI e XIV, nós posicionamos de maneira contrária ao retorno das aulas no dia 17, como foi pontuado pela ADUNEB. Acreditamos que é possível uma saída dialogada com as direções departamentais de orientar para o encaminhamento de retorno às aulas no dia 03 de julho por definitivo. Pontuamos, por fim, que a nossa classe Estudantil não vem se opor a classe docente, apenas esperamos que a classe docente reflita sobre esta possibilidade, levando em conta as situações abordadas.
Bahia, 13 de junho de 2019.
Por Caio Pimenta para o News Infoco