A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve atingir com força a economia da Bahia. Segundo levantamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o estado é o segundo mais vulnerável da região, atrás apenas do Ceará. Juntas, as duas unidades da federação e o Maranhão concentraram mais de 84% das exportações nordestinas para os EUA em 2025.
Os dados mostram que, entre janeiro e junho, o Nordeste movimentou cerca de US$ 1,58 bilhão em vendas para o mercado americano, o equivalente a R$ 8,7 bilhões. Na Bahia, os principais produtos exportados e agora ameaçados pela tarifa são o cacau, com US$ 46 milhões, pneus (US$ 42 milhões), além de óleos vegetais e frutas.
Para o coordenador da Sudene, José Farias, o aumento abrupto nas taxas pode comprometer não apenas o desempenho de setores com maior valor agregado, mas também afetar profundamente as cadeias produtivas ligadas à exportação. “Os compradores americanos devem buscar outros mercados, e isso trará consequências diretas sobre o emprego e a renda na região”, avaliou.
O superintendente da autarquia, Danilo Cabral, defende que o Brasil reaja com medidas de reciprocidade, já que a balança comercial pode pender para o lado brasileiro. “Somente em 2024, o Nordeste importou quase US$ 6 bilhões dos Estados Unidos. Se houver retaliação, os prejuízos podem ser maiores para eles”, argumentou.
De acordo com a Sudene, as exportações dos estados do Ceará, Bahia, Maranhão e Pernambuco somaram cerca de US$ 2,5 bilhões em 2024. Com a medida anunciada por Donald Trump entrando em vigor em agosto, a previsão do órgão é de uma retração significativa na relação comercial entre a região e os EUA.