O discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU foi ríspido, longe de ser diplomático, com erros como a paranóia criada em torno do socialismo, mas acertou em cheio quando afirmou fortemente a soberania nacional sobre a Amazônia Brasileira, segundo os comentaristas do programa Primeira Mão, Haroldo Azi, Paulo Ott e Caio Pimenta, nesta quarta-feira, 24. Outra qualidade apontada por Haroldo foi a sinceridade do presidente, ele não escondeu que é contra radicalmente a política indigenista adotada pelos governos anteriores que tentaram, a seu ver, preservar o índio no ‘estado da pedra lascada’, uma visão colonialista, considerada pelo presidente.
Haroldo Azi concorda com o presidente quando ele se coloca contra a destinação de uma área equivalente aos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo juntos, em benefício de apenas 17 mil índios. Achou coerente as críticas feitas ao fato de caminhões terem que se desviarem 500 km para evitar passar por um território indígena, transformando assim o transporte de mercadoria mais caro. Outra distorção, que o presidente fala em rever, é relativa à reserva “Raposa, Serra do Sol”, rica em recursos minerais, que pela legislação atual não podem ser explorados.
Haroldo explicou ainda que pela fala do presidente não se reduzirá o território indígena já existente, apenas não se concederá mais nenhum hectare para novas reservas. Segundo o que Bolsonaro sempre fala, se fosse atender todos os pedidos que estão em sua mesa, metade do Brasil pertenceria aos índios.
Caio Pimenta, porém, considerou abusiva a fala de Bolsonaro a respeito do perigo do socialismo no mundo, acha que ela perdeu o sentido nos dias atuais e que não se pode atribuir o mal do mundo à esquerda. O comentarista acha que a discussão atual se dá entre países democráticos e nações regidas por ditaduras, disfarçadas ou não, como China, Venezuela e Cuba.
Segundo Pimenta, com a imprensa livre e com a liberdade partidária, essas ditaduras não se sustentariam e avaliou que os países de esquerda hoje tendem a admitir a presença do capitalismo de mercado, mesmo que de forma bastante controlada, desfazendo a dualidade que marcou a “guerra fria”. Haroldo e Caio chegaram à conclusão, contrariando a fala do presidente, de que quem quebrou o Brasil não foi o viés socialista dos governos petistas, como levantado pelo presidente Bolsonaro em seu discurso na ONU, mas sim a roubalheira desenfreada, o aparelhamento do Estado e as práticas que solaparam a independência dos poderes, bases para a democracia.
Veja o que bancada do Programa Primeira Mão falou do discursos do presidente Bolsonaro na ONU:
Por Paulo Dias para o News Infoco