Na disputa com Fernando Haddad (PT) pelos votos do eleitorado de menor poder aquisitivo, a campanha do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, incluiu a proposta de um 13.º salário para os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda dos governos petistas.
Em vídeo divulgado por aliados do Nordeste, região que tem 6,9 milhões de famílias beneficiadas, Bolsonaro disse que o aumento de despesa será coberto por recursos que seriam gerados com a repressão a supostos benefícios irregulares. Ele não estimou valores. “Essa despesa vamos tirar da fraude no programa”, disse.
O presidenciável relatou que a proposta foi apresentada pelo general Hamilton Mourão, candidato a vice na sua chapa, ao economista Paulo Guedes, conselheiro da campanha. A estratégia do candidato foi minimizar o impacto de declarações polêmicas de Mourão, especialmente para os eleitorados nordestino e feminino.
Antes do primeiro turno, o general da reserva criticou os pagamentos do 13.º salário e do abono de férias. Também declarou que filhos criados por mulheres estão mais propensos a serem cooptados pelo tráfico. O presidente do PSL, Gustavo Bebianno, chegou a fazer um anúncio oficial da proposta logo após uma conversa com Bolsonaro. “Nós não soltaríamos essa notícia agora, soltaríamos mais para frente, mas o capitão decidiu que seria assim. É uma proposta que foi desenhada, costurada e pensada até mesmo pelo general Mourão, que é a implementação de um 13.º do Bolsa Família”, afirmou.
Às vésperas do primeiro turno, Haddad chegou a dizer, em entrevistas a rádios do Recife, que o concorrente acabaria com o programa, o que foi negado por Bolsonaro. Agora, a equipe de campanha do PSL prepara peças publicitárias sobre o Bolsa Família para as redes sociais e material para ser usado no horário gratuito eleitoral.
A proposta de um 13.º salário para as famílias atendidas pelo Bolsa Família virou tradição em disputas eleitorais. A ideia já foi apresentada pelos candidatos Marina Silva, então no PSB, em 2014, e por José Serra, do PSDB, em 2010. Neste ano, o candidato do PSB ao governo de Pernambuco, Paulo Câmara, também prometeu conceder um 13.º aos beneficiários no Estado, que seria pago pelos cofres estaduais.
O projeto também entrou em discussões nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. A estratégia adotada por Marina, Serra e, agora, por Bolsonaro, é pelo menos conter o discurso dos petistas de que uma derrota do partido significaria o fim do programa. “Acabar com o Bolsa Família seria uma desumanidade”, disse Bolsonaro nesta quarta-feira, 10.