[sg_popup id=”11418″ event=”inherit”][/sg_popup]O primeiro caminhão com ajuda humanitária brasileira chegou a Pacaraima, fronteira entre Brasil e Venezuela que está fechada desde a quinta-feira pelo governo de Nicolás Maduro. Um outro veículo, que também partiu na manhã deste sábado, 23, de Boa Vista, teve um pneu furado e deve chegar em seguida. Ambos caminhões com placas e motoristas venezuelanos receberam escoltas pela Polícia Rodoviária Federal e do exército durante os 220 quilômetros.

A estratégia da oposição é levar o auxílio por meio de três ações simultâneas, com assistência prestada via marítima, ações na fronteira com o Brasil e por meio de eventos na Colômbia – ontem, houve o show Venezuela Live Aid, evento pró-Guaidó e pró-ajuda humanitária organizado pelo bilionário britânico Richard Branson na cidade colombiana de Cúcuta, cujo objetivo era arrecadar US$ 100 milhões em 60 dias.

Na manhã deste sábado, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse em entrevista coletiva que espera que autoridades venezuelanas liberem a passagem de ajuda humanitária – enviada do Brasil para a Venezuela desde a Base de Boa Vista – por um dever moral e político. No entanto, a Guarda Nacional Bolivariana ampliou o fechamento de fronteira com Brasil. Ao lado da embaixadora do líder opositor Juan Guaidó, Maria Teresa Belandria, e de autoridades diplomáticas americanas, Araújo afirmou que a entrega será conduzida pela equipe do “governo legítimo do presidente Guaidó”.

Segundo ele, são 178 toneladas de remédios e alimentos não perecíveis como feijão, arroz, açúcar e leite em pó. O governo federal estocou os mantimentos com ajuda da embaixada dos Estados Unidos, que não puderam ser transportados em sua totalidade devido ao fechamento de fronteira ordenado por Maduro. Maria Teresa lembrou que em Cúcuta, durante a noite, guardas da Guarda Nacional Bolivariana desbloquearam uma parte da ponte e esperam o mesmo procedimento em Pacaraima. Segundo ela, Maduro dificultou a saída de caminhões venezuelanos para o Brasil por meio de pressão junto a empresas de transporte.

O Brasil se comprometeu com a operação, mas estabeleceu como única condição que o transporte da carga seja realizado por “caminhões venezuelanos com motoristas venezuelanos”, que nos últimos dias não conseguiram entrar no país devido ao bloqueio fronteiriço estabelecido por Maduro. Segundo o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, Otávio do Rêgo Barros, a operação para entregar essa ajuda pode se prolongar pelos próximos dias se persistirem as dificuldades para a entrada dos caminhões venezuelanos. Fontes oficiais consultadas pela Agência Efe disseram que, caso os caminhões não consigam entrar neste sábado na Venezuela, retornarão a Boa Vista e serão enviados novamente quando houver as garantias de segurança necessárias.

A representante diplomática do líder opositor Juan Guaidó no Brasil, Maria Teresa Belandria, afirmou em entrevista coletiva no sábado que “o regime usurpador está intimidando os motoristas e empresas de transporte para não colaborar”. Um dos voluntários que participou do traslado da ajuda humanitária, o venezuelano Leifer Sanchez, disse ao Estadão/Broadcast que não conseguiu reunir mais caminhões justamente por essa pressão. Ele tentará atravessar a fronteira para entregar o carregamento de arroz e kits médicos para doenças de baixa complexidade a deputados da oposição em Santa Elena do Uairen.

Na fronteira, é possível ver uma coluna de soldados da Guarda Nacional Bolivariana protegendo o posto de passagem. A bandeira venezuelana não foi hasteada, em sinal do fechamento. “Não temos medo”, disse Sanchez. “O venezuelano não sente medo, só dor”. Um dos voluntários da equipe da embaixadora reuniu populares venezuelanos na fronteira para pedir que eles acompanhem os caminhões e peçam, sem violência, para que o comboio passe. “Vamos pedir passagem, mas sem violência”, disse ele à pequena multidão, seguido de gritos de “Fora, Nicolás”.

Estadao