O deputado federal Paulo Azi acaba de ser anunciado como o novo presidente do Conselho de Ética da Câmara dos deputados. Ele que já preside o Democratas na Bahia, foi até bem pouco tempo um dos 14 vice-lideres do governo Bolsonaro na Câmara, não para de aumentar seu cacife politico em Brasília… Mas em Brasília, porque em Alagoinhas, cidade onde ele adota como berço eleitoral, sua alta rejeição ainda é sentida em grande parte da população.
Isso, sem dúvidas, é um grande paradoxo. Como um deputado que teve dificuldades para se eleger em 2018, com votações bem abaixo do esperado na região de Alagoinhas, apesar de ter publicizado à exaustão o envio de R$ 50 milhões em emendas, pôde durante esse mandato ascender tanto politicamente naquela Casa? Obviamente, você leitor já viu que aceitação popular é o que menos importa na Câmara dos Deputados. Lá o que vale é a arte de negociar, de cumprir acordos políticos, sejam republicanos ou não. É bem verdade que contra o deputado Paulo Azi, até o momento, não recai nenhuma participação em escândalo de corrupção, mas a boa relação que possui com investigados pela policia federal e réus na Justiça, principalmente os chamados representantes do Centrão, não o coloca no rol daqueles que militam contra a chamada ‘velha politica’.
A falta de empatia do deputado Paulo Azi com a população, e falo com isso trazendo Alagoinhas como exemplo, é evidente. Aqui na cidade, eleitoralmente é um desastre. Que o diga o ex-prefeito Paulo Cezar, que com uma eleição tida como ganha, perdeu ao longo da campanha milhares de votos, dentre outros motivos por sua ligação com o deputado demista. Não tenho reservas ao afirmar que o medo do eleitor em ver um indicado de Paulo Azi assumir a prefeitura de Alagoinhas, em uma uma eventual perda de mandato de Paulo Cezar, foi mais preponderante para o derretimento de sua candidatura do que as acusações de irregularidades que pairam sobre os 8 anos que ele governou a cidade.
Durante a eleição, eu pessoalmente, tive acesso a pesquisas que indicavam uma rejeição ao nome de Paulo Azi que superavam 70%. Obviamente a candidatura Paulo Cezar também teve acesso a estes números, tanto que durante a campanha praticamente esconderam o deputado dos eventos políticos da candidatura PC. Por outro lado, a reeleição de Joaquim Neto, apoiado em uma campanha de ‘voto útil’, desmistificou o discurso demista de que devia-se ao apoio do grupo politico liderado pelo deputado Paulo Azi, a vitória de Joaquim Neto em 2016. O deputado por hora, tira mais voto do que transfere. E sem os cargos da prefeitura para alimentar um grupo politico conhecido pela sua fome insaciável de se apossar de nacos do poder, não é nenhum pecado especular que agora o deputado deve utilizar o seu crescimento politico em Brasília para tentar segurar o apoio de muitos que estão alijados da estrutura administrativa municipal, desde o rompimento politico entre o prefeito Joaquim Neto e o deputado.
Escrito por Caio Pimenta, bacharel em Direito, radialista, apresentador do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco