Quem esperava forró pé de serra, com sanfona e zabumba, nos festejos juninos da cidade, teve oportunidade de dançar madrugada adentro nesta terça-feira (18), com o início da Vila de Santo Antônio da Lagoinha, estruturada este ano no Mercado do Artesão.
Formada majoritariamente por forrozeiros da região, a programação deste ano traz, para o centro da cidade, apresentações de Chiquinho e a Banda Forró Pesado, Birão do Acordeon, Tonho Pé de Serra e Mangaba, entre outros artistas.
A proposta, segundo a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Turismo (SECET), responsável pela iniciativa, é trazer, com a Vila, os ritmos da música popular nordestina, resgatando influências do xote, do baião e do xaxado sob o comando de cantores da terra.
“A ideia da Vila, como nos outros anos, é valorizar os artistas da terra, em 1° lugar. Dentro da Vila e do Trem, a gente consegue movimentar os artistas locais. Se você parar para observar, no festejo grande, você tem em média 3 ou 4 artistas locais mas, só dentro do trem, a gente teve 37 apresentações de artistas da terra. Aí você vê a Vila com mais 10, então só com esses aportes a gente conseguiu movimentar 47 espetáculos de produções locais. O olhar foi esse: tentar valorizar os músicos da cidade”, ressaltou Carlinhos Zambê, presidente do Conselho Municipal de Cultura, que este ano apoia a iniciativa.
Nesta terça-feira, subiram ao palco Sam Araújo, Priscila Calazans, de Inhambupe, e o esperado Paroara do Acordeon, que trouxe para a dança clássicos do rei do baião.
“Tá muito boa a música! Estou gostando bastante, só esperando alguém para dançar. Amanhã venho também”, declarou Felipe Henrique Santana, que arriscou os passos na pista.
Dona Judite Leão, de 72 anos, também não perdeu a festa e levou a família toda para a Vila. “Uma beleza! A expectativa é dançar o forró. Ela veio de Minas”, disse, apontando para a visitante de fora, do grupo familiar que a acompanhou nos festejos este ano.
E, como nem só de arrasta pé é feita a festa, a SECET informou que a Vila promete também comidas típicas: mingau, bolo, milho, pipoca e amendoim serão comercializados durante as noites de atrações, que prometem transportar moradores e visitantes a uma viagem no tempo pela história de Alagoinhas.
As casinhas coloridas, na entrada do Mercado do Artesão, em tudo lembram a antiga vila que deu origem à cidade. E os três dias de festa na Vila, que vai até 21 de junho, esquentam o clima para o forró pé de serra no palco da Joseph Wagner.
“Durante muitos anos, os festejos de junho animaram as famílias de Alagoinhas, com mesa farta de canjica, bolos, laranjas, licores de vários sabores, principalmente o famoso licor de jenipapo. O forró pé de serra estava em toda a casa que os donos lavavam, botavam areia alva do cachorro magro no piso e salpicavam com folha de pitanga, para subir o cheirinho delicioso da planta quando fosse esmagada debaixo dos pés dos dançarinos. Era uma beleza ver, sentir e provar. E não podemos esquecer das alvoradas ‘São João passou por aqui?’. As fogueiras ardendo em todas as portas, para assar milho, batata, cana, carne. A nossa festa ia além do mês de junho porque a data do aniversário da cidade – 2 de julho – estava tão próxima que as crianças se encarregavam de alimentar as fogueiras. O tempo foi passando, a vida modificando e os eventos perdendo força. O povo daqui começou a sair para outras cidades. Mas, em 2017, um gestor festeiro assumiu a prefeitura e foi ouvindo, em diferentes pontos da cidade, um maior interesse da população pelo São João do que pela Micareta, por exemplo. E optou por fazer o resgate dessa festa que trouxe o trem do forró, a Vila de Santo Antônio da Lagoinha, quadrilhas e alvoradas cheias de animação. A festa deste ano traz um pouco disso tudo”, rememorou Iraci Gama.
Além de apresentações de bandas locais, também estão previstas na programação da Vila a participação do grupo “Felizidade”, às 18h, nesta quarta-feira, e, na sexta, o grupo Menina Flor, às 18h, e a Quadrilha Beija Flor, às 21h.
Confira a grade da Vila para os próximos dias: