A “Casa do Povo” ou um teatro, afinal o que é Câmara Municipal de Alagoinhas atualmente? Perdoe-me querido leitor começar com esta indagação, mas diante dos tristes momentos por qual passamos com a Câmara de Vereadores de nossa querida cidade, chego a ter dúvidas do que tenha se tornado esta Casa.

Após nós(povo) colecionarmos decepções na discussão do novo código tributário e agora mais recentemente no caso da cessão de terreno à Dore Refrigerantes, temos que lamentar a falta de responsabilidade no que tange a ausência de comprometimento dos vereadores com as matérias: transporte e trânsito no nosso município.

A Superintendência Municipal de Transporte e Transito de Alagoinhas(SMTT) passa por um de seus piores momentos. Visivelmente sucateada e sem recursos, tem dificuldades até para pintar simples faixas de pedestres em nosso município(várias delas foram feitas através da ajuda de empresários). As viaturas são poucas e o contingente é insuficiente para cumprir com a responsabilidade de fiscalizar e ordenar o trânsito em nosso município. Quero aqui abrir um parentese para parabenizar cada guarda municipal de trânsito que como verdadeiros guerreiros tentam amenizar, da forma que podem, as deficiências dessa área. Eles, assim como a cidade, também são vítimas da irresponsabilidade e politicagem que se alastra por aquele órgão.

Paralelo a estes problemas temos a cobrança da zona azul cujo 22% do lucro bruto arrecadado as custas do suor do povo alagoinhense vai para os cofres da SMTT. Este recursos deveriam ser utilizados na melhoria do trânsito da cidade. Cadê o dinheiro?! Cadê as melhorias no trânsito?! Ainda é preciso citar os valores arrecadados com emplacamentos e as multas. Para onde está indo todo este dinheiro?

Todas estes questionamentos são negligenciados pela Casa Legislativa, sobretudo pela oposição que em diversas vezes já promoveu atos de visível corporativismo que me fazem desconfiar e muito da “postura oposicionista” de seus membros. E cito para exemplificar, a recente nota de repúdio aos comerciantes e parte da imprensa alagoinhense por lutar pela empregabilidade e desenvolvimento econômico do município. Sim caros leitores, a fatidica nota “em defesa da base” e contra a representação de importante segmento da cidade foi assinada em nome da CÂMARA MUNICIPAL DE ALAGOINHAS, ou seja, sem oposição de nenhum edil. Nenhum oposicionista foi para tribuna defender os empresários que ali estavam presentes naquela sessão sendo alvo de todo o tipo de arbitrariedade. Que oposição é essa?!

Agora, numa cena teatral espetacular, a vereadora Luma Menezes apresenta um requerimento na Câmara convidando o novo superintendente municipal de transporte e trânsito, André Barros, para explicar questões sobre o transporte público como o acesso de idosos, da pessoa com deficiência e dos estudantes aos ônibus. Não que a matéria não tenha sua relevância, mas para que restringir? Por que não ampliar a pauta e o grau de investigação no órgão?! Será que querem evitar atingir alguém?! Proteger alguém?!

Me recordo, e você caro leitor há de se recordar também, da tentativa da oposição, na primeira gestão do prefeito Joaquim Neto, de instalar diversas CPIs em pontos problemáticos do Governo. Como contra-ataque a base apresentou um requerimento para investigar a SMTT desde gestões anteriores. A ação foi vista como uma tentativa de se chegar à gestão Anderson Baqueiro, que foi superintendente na gestão PC e aquela altura fazia parte da bancada oposicionista. Num claro acordo entre oposição e base, todos os requerimentos foram retirados e nada foi investigado. O retrospecto da Câmara Municipal não é bom.

A crise financeira e a ingerência politica na SMTT são causas primeiras de todas as mazelas que atingem a cidade no que tange ao trânsito e ao transporte público. O órgão foi incapaz de conduzir sozinho a tentativa de resgate do serviço de transporte público, representada pela integração das linhas e a bilhetagem eletrotônica. O prefeito teve que criar uma Comissão, presidida pelo sub-procurador, Hilton Ribeiro, para ajudar no processo. O órgão, por falta de material humano e equipamento, é incapaz de fiscalizar a contento todo o sistema, até porque tem que se dividir entre suas atividades ligadas ao transporte e também ao trânsito. Cargos políticos sem qualquer intimidade com a área ocupam cargos estratégicos naquele órgão e levantam suspeitas graves que são comentados nos quatro cantos da cidade. Tudo isso afeta as discussões e as tomadas de decisões necessárias para continuidade do processo de resgate da qualidade do serviço de transporte público municipal que perpassam pela necessidade de uma discussão séria sobre subsidio da tarifa e rediscussão das inúmeras gratuidades conferidas por legislações municipais e que recaem sobre o usuário pagante.

É preciso que se despreze o engodo para se chegar ao que realmente interessa à população alagoinhense, a instauração da CPI da SMTT. Elementos não faltam.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.