A sessão da Câmara Municipal desta quinta-feira (30) foi dominada por um intenso debate sobre a real efetividade das ações do “Outubro Rosa” no município. O tom das discussões foi estabelecido, inicialmente, por discurso da vereadora Raimunda Florêncio, que questionou a ausência de serviços práticos de saúde para as mulheres, apesar do mês dedicado à conscientização sobre o câncer de mama.

A principal queixa que uniu os parlamentares foi a denúncia de que o mamógrafo da Policlínica Regional está quebrado, impossibilitando a realização de exames preventivos cruciais.

“Nós estamos terminando o mês de outubro. O que veio de bom para as mulheres de Alagoinhas?”, indagou a vereadora. “O que nós precisamos é saúde, precisamos de mamografia, de raio-X, de exames. Teve isso? Eu recebi essa semana umas quatro pessoas com nódulos no seio, com 70% de câncer e nada foi resolvido, porque não tem mamografia, não tem ultrassonografia mamária”, pontuou.

A vereadora criticou o foco em eventos simbólicos em detrimento do atendimento. “É uma calamidade e a gente fecha os olhos aqui para fazer audiências, comemorações, feirinhas e não resolve o que é de verdade”, afirmou.

A vereadora Luma Menezes fez coro às críticas, reforçando a discrepância entre a campanha de conscientização e a realidade do atendimento. “Como nós poderemos garantir que isso será efetivo se a partir do momento que a gente diz ‘a partir de 40 anos, as mulheres precisam fazer o exame da mamografia’, como elas vão efetivar a realização desse exame se ao chegarem na policlínica o mamógrafo está quebrado?”, questionou Luma. Ela informou ter recebido “diversos relatos” de mulheres, inclusive já diagnosticadas, que não conseguem realizar os exames necessários.

O vereador Anderson Xará, que recentemente presidiu uma audiência pública sobre o tema, classificou a situação como “vergonhosa” e “inadmissível”. “A gente só faz colaborar para que as células cancerígenas se multipliquem”, lamentou Xará, que também criticou a dependência de “carretas da saúde” para um município do porte de Alagoinhas. “Alagoinhas não é para estar recebendo carreta, mais não, gente. Alagoinhas é para ser a carreta”, argumentou.

Em tentativa de contextualizar a situação, o vereador Thor de Ninha reconheceu o problema, informando que o mamógrafo pertence ao Governo do Estado e está quebrado há cerca de 28 dias. Ele defendeu, no entanto, que o “brilho” do Outubro Rosa reside na promoção da discussão. “Esse é um mês de discussão e de debate. O fato de estarmos aqui, debatendo, discutindo isso, reverberando tudo isso, é o brilho do Outubro Rosa”, disse.

A fala de Thor foi rebatida pela vereadora Raimunda Florêncio: “E onde foi que o outubro brilhou em Alagoinhas? Tirou brilho sim, porque as mulheres de Alagoinhas não merecem isso que está acontecendo. Sem ter nada”, lamentou.

O vereador Darlan Lucena, em aparte, pontuou que a gestão deveria ter elaborado um “plano de contingência” para suprir a demanda diante do equipamento quebrado.

O vereador José Edésio manifestou apoio à “indignação” de Raimunda Florêncio, mas ponderou que a saúde é uma “pauta inesgotável”. Ele defendeu o uso da carreta móvel como um “artifício” emergencial para “não deixar a cidadã à mercê da disponibilidade dos aparelhos”, embora tenha concordado com a necessidade de manutenção preventiva.

Apesar da deficiência no diagnóstico, o vereador Claúdio Abiúde e a própria vereadora Raimunda Florêncio elogiaram o secretário municipal de Saúde, Virgínio Pereira, pela abertura do “Espaço das Eletivas”, que iniciará cirurgias de diversas especialidades no dia 4 de novembro.

Ao final, o sentimento predominante na Casa foi de que as ações preventivas de saúde não devem se restringir a meses temáticos. “Que nós, o conjunto desta Casa, possamos estar fazendo essas ações todos os dias a favor das mulheres da nossa cidade”, concluiu o vereador José Edésio, ecoando o apelo de Raimunda Florêncio de que a cidade “precisa do ano todo cuidando das mulheres”.

Para assistir a sessão na íntegra, clique no link: TV Câmara Alagoinhas

Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas

Fotos – Jhô Paz