“Pense num absurdo, na Bahia tem precedentes”. É impressionante como a frase antológica dita pelo ex-governador Otávio Mangabeira no século passado se apresenta ainda tão atual nos dias de hoje. Faço esta introdução para comentar a noticia que circulou esta semana no meio politico alagoinhense que dá conta de que os vereadores Márcio da Cavada(PP) e Luma Menezes, que trocou o Avante pelo PDT, lançarão suas pré-candidaturas a deputado federal.
Apesar de num primeiro momento essa situação merecer risos e indiferença de qualquer um que leve a sério o processo politico-eleitoral, num segundo momento ela nos leva a fazer algumas reflexões e constatações, uma delas: A evidente decadência dos partidos políticos brasileiros.
O que leva dois partidos tradicionais da politica nacional(PP e PDT) escolher dois nomes com desempenhos pífios enquanto vereadores para disputar uma eleição para deputado?! Eu respondo: A falta de quadros qualificados e sérios que aceitem se misturar no “mar de lamas” que virou a política brasileira. Sem as coligações, proibidas na recente reforma eleitoral, os partidos tem se virado nos 30 para preencherem o número máximo reservado para os cargos de deputado(tanto federal, quanto estadual). A intenção é alcançar o quociente eleitoral necessário para eleger representantes que impeçam o partido de cair na chamada clausula de barreira.
É claro que tanto Luma Menezes, quanto Marcio da Cavada, tem a minima possibilidade de se elegerem, o que mereceria nossa indiferença e desprezo. Mas eles, ao se permitirem serem usados pelos respectivos partidos(PDT e PP), sabe-se lá em troca de que, para ajudar a obter um quociente eleitoral capaz de eleger figuras como Felix Mendonça Jr(PDT) e Cacá Leão(PP), trabalham contra os interesses da região de Alagoinhas, que precisa de representação politica lá em Brasilia. As candidaturas de ambos, além de não ajudar Alagoinhas, atrapalha os interesses locais.
É bem verdade que os outros 15 vereadores de Alagoinhas até aqui, assim como os dois já citados, tem sido uma lástima para a cidade e a Câmara Municipal, que deveria trazer alento para o povo, tem se tornado um fardo para a sociedade, mas somente estes dois tiveram a coragem, ou ousadia, de lançar as referidas pré-candidaturas e isso merece um destaque especial.
Márcio da Cavada tem feito discursos sofríveis na Câmara Municipal onde demonstra sua total falta de conhecimento sobre temas como transporte público municipal e desenvolvimento econômico. Foi um dos 9 vereadores da base governista que assinou um pedido de vistas e tentou dificultar a vinda da empresa Dore Refrigerantes para o município, empresa esta que deve gerar mais de 200 empregos diretos e outras centenas de empregos indiretos na cidade.
Já Luma Menezes, se por uma lado consegue ao menos falar o português corretamente, por outro tem se tornado um problema para a cidade diante de sua inexperiência e necessidade de estar em constante exposição nas redes sociais. Luma, juntamente com os seus colegas de Casa, assinou uma nota de repúdio contra lideranças da classe comercial de Alagoinhas, classe esta responsável por mais da metade dos empregos gerados na cidade e que representa mais da metade do PIB municipal. E se por um lado não fez parte do grupo de 9 vereadores que foram à delegacia formular um Boletim de Ocorrência contra empresários e jornalistas da cidade, ignorou o fato. Não condenou o ato, tão pouco se solidarizou com as vítimas. Ao contrário, faz parte do grande consórcio corporativista que virou a Câmara Municipal. Agora, mais recentemente, envolveu-se numa polêmica com os carroceiros da cidade, pobres trabalhadores que recebem pouco mais de R$1200,00, e que chama a atenção da vereadora por usar o trabalho animal para o serviço de recolhimento de lixo. Na visão da mesma, eles(carroceiros) deveriam utilizar motos, bicicletas, ou afins… Viver no mundo da lua, ou no mundo de quem ganha um subsidio de R$12.500,00 por mês, fora outros rendimentos, parecem resumir a Luma Menezes.
Resumindo queridos leitores, vem aí mais uma vergonha para Alagoinhas.
Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.