Na semana passada, melhor dizendo na terça-feira passada(18), o presidente da Câmara de Alagoinhas, Roberto Torres, jogou uma pá de cal nas pretensões do governo em conseguir autorização legislativa para contrair um empréstimo de 35 milhões para serem investidos em obras de infraestruturas em 57 logradouros do município.

Amigo leitor, eu tive acesso ao projeto e sinceramente me vi diante de uma PL muito mal feita, sem embasamento e sem anexos que seriam importantíssimos para garantia do cumprimento daquilo que estava sendo proposto. Isso, justamente em um momento em que a população desfere muitas críticas as obras anunciadas pela gestão passada que seriam realizadas com os recursos de um outro empréstimo, a CAF. ‘Cadê o dinheiro da CAF?’, essa indagação está na boca do povo e não pode ser desprezado.

O governo municipal não soube agregar apoio popular. Pensou, ‘só preciso de 9 votos para aprovar, e tenho’. Mas que base… O governo teve que ceder uma superintendência a um vereador da base para ver esse projeto passar pela CCJ, só pra começar. Já começou com o pé esquerdo, mas continuou.

Em seguida a prefeitura enviou às rádios da cidade a equipe responsável pelo projeto para tentar dirimir as dúvidas, isso porque o projeto não respondia nada. Não existia anexado ao projeto impacto financeiro nos orçamentos futuros, nem o detalhamento das obras com planilha de custos! Foi considerado um cheque em branco na mão do prefeito e a oposição soube se utilizar disso. A União das Associações de Bairros do Município de Alagoinhas(UAMA) foi contrário a autorização do empréstimo! Justamente um empréstimo, que segundo a prefeitura, beneficiaria 57 ruas da cidade.

A população não demonstrou apoio ao projeto, não teve manifestação em apoio, não teve adesão popular nas audiências públicas. Curiosamente este mesmo projeto passou pelas câmaras municipais de diversas cidades e a prefeitura tentou se utilizar disso, mas não colou.

O presidente Roberto Torres nessa altura já sofria pressão de todos os lados, de um lado os grupos políticos de oposição ao prefeito, que não são poucos, de outro os questionamentos dos formadores de opinião que alertavam sobre a inconsistência do projeto. Roberto não teve o álibi do apoio popular ao projeto, não teve como defender, ainda mais quando se tem um governo com um índice de rejeição acentuado. Resultado: Não pautou o projeto.

Agora Roberto se vê numa verdadeira ‘sinuca de bico’. Ao não pautar o projeto de interesse do governo que certamente seria aprovado em plenário, ele não agiu como um integrante da Base. Para não colar uma atitude de oposição, o que realmente acabou sendo, tenta invocar uma atuação independente. Ora amigo leitor, vereador para ser independente não pode ter cargos e indicações no governo. Ou é ou não é’? Roberto Torres não pode ficar em cima do muro. é preciso dizer de que lado está.

*Caio Pimenta é produtor do Programa Primeira Mão, da rádio 95,7 FM de Alagoinhas, além de ser editor-chefe do site News Infoco.