“Diagnóstico especializado de TDAH e Autismo é fundamental”, diz neuropsicopedagoga Fáthima Azevedo, mas Alagoinhas não disponibiliza serviço pelo SUS

0
585

A neuropsicopedagoga Fáthima Azevedo, esteve na última quarta-feira,04, no programa Primeira Mão, da rádio Ouro Negro 100.5 FM, para aproveitar o momento oportuno da transição do governo municipal a fim de sensibilizar as autoridades e a sociedade sobre o diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Segundo a especialista, a demanda por diagnóstico tem se acentuado com o passar dos anos, mas os gestores públicos ainda não atentaram para a complexidade na identificação destas condições neurológicas especiais. Fáthima Azevedo explica que este processo requer pelo menos dez sessões, envolvendo vários testes e instrumentos específicos, por isto se torna dispendioso o seu custeio para a maior parte da população.

Em Alagoinhas e região, este serviço só está disponível na rede privada, segundo afirma a especialista. Universalizar esta triagem significa tratar a neurodiversidade e a neurodivergência com a sensibilidade e com os recursos necessários às suas efetivações. Ela explica que o tratamento neurocomportamental é ofertado por entidades filantrópicas como APAE e Pestalozzi, mas que é relevante se investir no diagnóstico.

Hoje existem muitos adultos que se identificam com comportamentos de TDAH e autismo, pois o assunto está exposto na internet, no entanto Dra. Fáthima recomenda prudência, afirma que é preciso identificar a presença de pelo menos três sintomas para se começar a pensar em fazer uma avaliação neurológica. De forma simplificada, ela explica que existem traços em comum entre os dois transtornos como a dificuldade de socialização, mas por motivos quase que opostos.

A pessoa com TDAH tende a ter dificuldade de concentração, de manter o foco, de organizar os pensamentos, apresenta tendência ao não cumprimento de horário, devido a uma desconexão cronológica. Já o autista apresenta mais impedimentos na habilidade de comunicação não-verbal e na própria linguagem, pode vir acompanhado de hipersensibilidade sensorial e de comportamentos repetitivos e metódicos-rigidez cognitiva. Estas duas condições podem estar associadas em uma única pessoa.

A neuropsicopedagoga esclarece que muitos dizem que se sentem “meio autista ou meio com déficit de atenção”, ela garante que isto não existe, ou você tem ou não TDAH e autismo, não há meio termo, e que mesmo no adulto, o transtorno começa a se desenvolver na infância. Fáthima afirma que estes quadros sempre estiveram presentes na sociedade, mas que por falta de conhecimento eram classificados inadequadamente como demência e as pessoas com tais deficiências eram geralmente isolados da sociedade.

A médica enfatiza que é preciso se fazer teste específico de rastreio com profissionais qualificados para que a criança ou o adulto, em caso de suspeita tardia, passe por um protocolo, que se baseie em evidências científicas e seja realizado por instrumentos adequados para se chegar à uma conclusão definitiva. É um longo rastreio para que o paciente seja laudado adequadamente, até mesmo porque, em casos de TDAH, o tratamento será também medicamentoso. E mesmo a terapia comportamental tem que seguir determinados critérios para a sua eficácia.

Azevedo salienta que ainda se tem muita dificuldades na região em se lidar com a neurodiversidade, no pós-diagnóstico também, devido a limitação das entidades filantrópicas. “Não se tem para onde encaminhar, não há cobertura apropriada, que seja planejada de acordo com a demanda”.

 

Por Paulo Dias para o site News Infoco