Após críticas ao prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto(PSD), a quem acusam de descumprir um acordo, o sindicato dos rodoviários de Alagoinhas decidiu recorrer a dois influentes secretários municipais para mediar o impasse, trata-se de João Rabelo e Gustavo Carmo, chefes das pastas de Governo e Educação, respectivamente.

Em entrevista concedida na manhã de hoje(16) ao programa Primeira Mão, da rádio Ouro Negro 100,5 FM, o presidente do sindicato, Mário Kleber, culpou o prefeito Joaquim Neto pela demissão dos 7 funcionários da empresa ATP, concessionária do transporte coletivo na cidade. As demissões, segundo o sindicalista, são acompanhados da consequente diminuição da frota que circula na cidade, o que deve afetar também a população.

Na oportunidade, Mário Kleber endossou as declarações do diretor do sindicato, Gil Alagoinhas, que acusou o prefeito de descumprir a promessa de estender o subsidio do transporte público até o fim do ano. Entre janeiro e junho, atendendo a uma modificação feita pela Câmara de Vereadores na LOA, a prefeitura repassou R$ 2,4 milhões, a titulo de subsidio para o transporte público. Apesar de não suprir o déficit anual de cerca de R$ 12 milhões, o valor, segundo o presidente do sindicato dos rodoviários, ajudou a empresa a honrar os pagamentos de salários dos funcionários, que foi reajustado, após 2 anos. De acordo com o dirigente sindical outros benefícios foram concedidos aos mais de 220 colaboradores da empresa, que até então não possuía nenhum débito trabalhista e previdenciário.

Com o fim do repasse da prefeitura, a empresa passou a ter dificuldades em honrar os compromissos. O pagamento dos funcionários do último mês, por exemplo, foi realizado com atraso e o pagamento do plano de saúde da categoria ainda não foi realizado. Sem perspectiva de receita, a empresa também promove demissões como forma de reduzir custos, o que fez com que o sindicato fosse para cima do prefeito exigindo o subsidio prometido.

Pelo contrato de licitação firmado entre a prefeitura e a empresa, o sistema deveria ofertar 500 mil usuários/mês, esse número seria suficiente para arrecadar o valor necessário para custear o sistema. Porém, desde o inicio da vigência do contrato, esses números caíram drasticamente, chegando para menos da metade. Pelo contrato, a prefeitura deveria arcar com essa defasagem, pagando por meio de subsidio os valores, ou então repassando para o usuário pagante o ônus do déficit por meio de reajuste tarifário. A prefeitura não fez nenhuma coisa, nem outra.

Hoje, a tarifa técnica supera R$ 6,50, mas a praticada é de R$4,20. Uma defasagem de R$2,30 por passageiro. O resultado é falta de recursos da empresa para promover investimentos no serviço.

Na entrevista, o presidente do sindicato dos rodoviários chamou atenção para o aumento do valor do óleo diesel e teceu críticas ao governo Lula, a quem ele admitiu ter votado. Chamou atenção também para falta de fiscalização da SMTT com o transporte clandestino, que segundo o sindicato, rouba passageiros pagantes do transporte licitado. Por fim, citando como exemplos Camaçari, São Francisco do Conde e São Paulo, ele afirmou que diante da situação do transporte público no Brasil, é impossível o modal se sustentar sem o subsidio da prefeitura.

Uma reunião intermediada pelos secretários João Rabelo e Gustavo Carmo deve ocorrer amanhã, 17. A reunião deve contar ainda com a participação do prefeito Joaquim Neto, representantes da empresa e dos rodoviários. O objetivo é buscar uma solução para o problema e evitar as ameaças do sindicato que prometem paralisar o sistema durante o Bahia Beer e acampar em frente a casa do prefeito.

 

Por Caio Pimenta para o News Infoco