Dois Papas: Uma estória ingênua para ressuscitar a Teologia da Libertação

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Não sou católico. Mas o catolicismo se tornou aquela religião que todo mundo acha que pode meter o bedelho. Os católicos não praticantes são os que mais reclamam, que mais pedem reformas e aqueles que transgridem os dez mandamentos são os que mais querem mudanças. Cada um quer um catolicismo a seu gosto. Toda religião tem uma tradição, mas isso para os católicos é uma tragédia.

O pior são os comunistas, na maioria ateus, mas que acham que têm o dever de ditar os rumos da instituição. Isso fica claro no filme Dois Papas, onde Fernando Meirelles brinca de Deus. Usa personagens reais e fatos reais para fazer ficção envolvendo algo muito sério como a fé de bilhões de pessoas. Não ficou tão distante do que fez O Porta dos Fundos na Netflix. Sua intenção é dizer que o futuro da igreja é a Teologia da Libertação e a esquerda. A Teologia da Libertação é a fusão do cristianisnmo com o marxistmo.

O filme é um clássico do romantismo ingênuo, que é quase sempre muito inspirador, não obstante simplista e fora da realidade, o que não causa grandes problemas quando envolve personagens de ficção. Essa abordagem, sempre dualista, coloca o bem em confronto com o mal. No caso o mal, o atraso, a opressão é Bento XVI e o bom, o libertador, o humano é Francisco. Mas Francisco também era o mau, se tornando bom graças à Teologia da Libertação, isso não é explícito e sublinarmente repassado, o que é ainda mais perigoso. Existe outra mensagem aparentemente ingênua e igualmente perigosa, a de que Papa bom é Papa pop. Colocando a massa e os meios de comunicação acima de DEUS. Inferiorizando o Bento XVI, Meirelles diminui ainda o intelectual, como que reforçando a tese gramsciana do intelectual orgânico, dizendo até que a intelectualidade, de certa forma, mata a espiritualidade ou que com ela não convive bem.

O diretor agrega à sua vanguarda espiritual socialista os homossexuais e os imigrantes. Tudo não passa de uma estratégia cínica de usar o catolicismo, os homossexuais e os imigrantes para aumentar os votos da esquerda e a boa vida dos esquerdistas em todo mundo, tudo é marketing e não é mais política, agora é apenas comércio, business. Meirelles tenta implantar uma mutação de esquerda no DNA da igreja de forma sutil e cinicamente ingênua.

Claro que a igreja precisa se transformar. Claro que o radicalismo de Bento XVI era um equívoco assim como é notório que o Papa Francisco é comparativamente mais bondoso e flexível, mas perigosamente um incentivo a cultura do POP dentro da igreja. Do mesmo modo, Meireles é inteiramente manipulador e sem escrúpulos como a grande parte dos esquerdistas, ao usar essas aspectos emocionais em favoŕ de sua ideologia e do seu bolso, amoral como quase toda a esquerda.

Paulo Dias é jornalista, graduado pela UFBA, especializado em Pedagogia e mestre em Cultura e Literatura pela UNEB. Tem passagens por vários jornais e assessorias de comunicação em Alagoinhas e Salvador. Atualmente escreve para o site News Infoco