Na foto, Dr. Gomes(ao fundo) responde aos questionamentos do radialista Haroldo Azi no programa Primeira Mão.
O programa Primeira Mão está realizando uma série de entrevistas para informar aos ouvintes sobre a trajetória de vida dos pré-candidatos a prefeito de Alagoinhas em 2020. Ontem(14), o advogado e empresário Antônio Gomes, pré-candidato do PSC, foi o convidado.
Gomes falou sobre sua trajetória, lembrou que começou seus estudos no colégio Brazilino Viegas, em um tempo em que, embora criança, saia do 15 de novembro até a escola sozinho sem ser importunado. Depois teve passagens pela escola Adalgisa Santos, pelo Colégio Mario José Bastos, o Cenerg, o Centro Integrado Luis Navarro de Brito, completando seus estudos do ensino médio no colégio Fleming.
Posteriormente cursou direito na Universidade Católica de Salvador, fez especialização em Direito Penal pela PUC- SP e em Direito Civil pela UFBA. Seu grande diferencial na vida profissional consistiu em, desde cedo, ter estudado com afinco inglês, que lhe permitiu ainda muito novo trabalhar em empresas como o Hotel Meridian e a Montreal Engenharia. Começou a estudar a segunda língua com o professor Antonio Assis Batista, que escrevia as palavras e sentenças no chão de sua casa, depois deu continuidade a sua formação com Décio Torres e com Rui Albuquerque, que também é jornalista.
Com poucos advogados em Alagoinhas nos anos 80, Gomes pôde conquistar sua independência financeira atuando na cidade com grande êxito. Hoje ele se divide entre a advocacia e a vida de empresário no campo da educação, em ambiente muito mais competitivo. Recentemente Gomes concluiu o mestrado em Direito em Gestão Pública.
Então chegou a hora de se questionar, após uma vida de sucesso, como poderia contribuir com sua cidade natal? Dessa reflexão, disse Gomes, surgiu o projeto de uma candidatura a prefeito, que apresenta como carro-chefe o projeto de construção de uma agrovila,a cidade do Habitat, sua tese de mestrado, que segundo ele é capaz de retirar integralmente parcela significativa da população da absoluta miséria.
A ideia central de Dr. Gomes reúne a construção de casas populares, pré-moldadas, feitas pelos moradores ao custo de R$ 20 mil, adjuntas a uma área para a produção agrícola, destinada à geração de emprego. A cidade/vila será dotada dos equipamentos públicos básicos: escolas, posto de saúde e da Polícia Militar. Para isso, segundo seus estudos, bastaria destinar uma parcela de 10% do orçamento municipal, que ficaria na casa de R$ 5 milhões/mês.
Opinião
Na entrevista o pré-candidato se limitou a traçar sua linha do tempo, que era o objetivo central do programa, mas poderia ter usado a visibilidade para colocar minimamente suas idéias para a educação municipal a partir da sua experiência profissional. Demonstraria, assim, como seu conhecimento acadêmico e empresarial pode enfrentar os problemas nessa área. Seria interessante que também demonstrasse sua visão crítica da gestão em saúde e em saneamento. Gomes parece querer entrar na disputa sem confrontar os atores que estão na vida pública da cidade, como se fosse começar tudo do zero.
Seu perfil permite uma comparação inevitável com João Dória, que ascendeu politicamente diante do desgaste de velhos expoentes do tucanato envolvidos em investigações e processos por corrupção, além de ter surfado na onda Bolsonaro.
Gomes, empresário no ramo da educação, como muitos outros donos de instituição de ensino, teve um vertiginoso crescimento a partir dos governos do PT, que praticamente terceirizaram boa parte do ensino superior no país com concessões de financiamentos como o FIES e programas como o PROUNI, sem, em muitos casos, se atentar para a qualidade do ensino. Nesse meio existe excelentes faculdades e outras medíocres se sustentam graças a esses incentivos. Essa discussão precisa ser trazida para o debate e o pré-candidato Dr. Gomes precisa se posicionar a respeito.
Até agora, Dr. Gomes é um pleiteante ao cargo de prefeito, que não apresenta uma crítica do passado para indicar um futuro melhor. Tirar as pessoas da miséria é nobre, mas não o suficiente. Além do mais seu projeto precisa ser melhor explicado. Do jeito que está posto, lembra um pouco, pelo menos, o projeto da Cidade de Deus, implementado por Carlos Lacerda, então Governador do extinto estado da Guanabara nos anos 50/60, com uma leve inovação de ter como base o trabalho agrícola, quando o mundo atual exige mais inovação tecnológica.
Acompanhe a entrevista concedida por Dr. Gomes ao programa Primeira Mão:
Por Paulo Dias com a colaboração de Caio Pimenta para o News Infoco