O advogado Antonio Barreto, o popular Tonho Rato, um dos quadros mais conhecidos do PDT alagoinhense, embora esteja afastado das decisões da sigla no âmbito municipal, em entrevista ao programa Primeira Mão, da Rádio Ouro Negro/Rádioweb 2 de Julho, na última sexta-feira, 17, colocou como premissa que não bastará a Gustavo Carmo, prefeito da cidade, fazer uma gestão melhor que a de seus antecessores em vista do aumento de arrecadação previsto. Ele disse que o momento é de aguardar e de dar um crédito de confiança ao novo prefeito, mas se mostrou preocupado pelo fato dos cargos estarem sendo ocupados por pessoas que atuaram nos últimos 32 anos de gestão.

Uma mudança de mentalidade será muito difícil ser empreendida, segundo Tonho Rato, contando com pessoas tão acomodadas às velhas práticas. “Os que estão aí, exceto as secretarias da cota do prefeito, são os mesmos que conduziram a Alagoinhas para o estado em que se encontra”. Tonho Rato advertiu que não se “muda um time, trocando apenas o técnico”. Fez duras críticas à destinação de pastas, como a direção da Central de Abastecimento e a Secretaria de Desenvolvimento Rural. Questionou enfaticamente a condução do setor de comunicação, quanto à maneira como são mantidos os contratos com rádios e websites. “Não é com microfones e whatsapps que viabilizamos o remédio e enchemos o estômago da população”.

Certas decisões tomadas no final do governo anterior e no início deste levantaram dúvidas do entrevistado. Barreto deu conta de que foi efetuado um contrato com dispensa de licitação para a provisão de profissionais de apoio como coveiro, maqueiros e porteiros de escolas no valor de R$ 16 milhões. Ele também soube de um pagamento de R$ 14 mil para a manutenção de quatro caçambas e três tratores, quando estes são terceirizados. A bancada do programa lembrou da falta de medicamentos nos postos. Tonho Rato mencionou que conversando com o filho de uma amigo paraplégico, ele lhe disse: “Na época de eleição, quando faltava fralda, o candidato vinha trazer”.

Tonho Rato fez um alerta grave, disse que há rumores de que a empresa contratada sob dispensa de licitação tem ligações com pessoas envolvidas no esquema Sobre o qual a Justiça Federal apura o desvio de ao menos R$ 29 milhões do transporte escolar no ex-governo Paulo Cezar.

Caio Pimenta, âncora do programa, perguntou sobre o Governo de Transição, que não apresentou sequer um relatório sobre a realidade encontrada. Barreto relacionou essas lacunas ao fato do chefe da equipe de transição ter sido uma pessoa muito ligada ao ex-prefeito Joaquim Neto.

Sobre a eleição de Cleto da Banana ao terceiro mandato como presidente da Câmara de Vereadores, Tonho Rato foi categórico, “o próprio Baqueiro foi responsável, ele nunca se opôs a forma de Cleto conduzir a casa. A reforma do prédio já tem 12 meses e já consumiu R$ 2 milhões, quando Roberto Torres construiu o prédio todo com R$1,5 milhão. Teve vereador sendo apoiado por outro vereador na eleição. Ninguém está pensando na população, só na manutenção de poder. Tem vereador de 20 anos que sequer produziu 10 minutos de fala em sessão”, pontuou.

Tratando sobre mobilidade urbana, Tonho Rato criticou o contrato realizado com ATP, questionado judicialmente por falta de repasse da Prefeitura. “Se estão rodando com prejuízo, eu não sei como… Ou então não tem prejuízo”, mas, para ele, é fato que, com o número de usuários  no transporte público, se torna inviável o cumprimento do acordo. Propôs que a qualidade do serviço prestado melhore para as pessoas deixarem o carro em casa. Ele prevê que a tarifa zero pode causar dificuldades para os mototaxistas. A Zona Azul foi desaprovada também, simplesmente não existe prestação de contas, segundo Tonho Rato. Ninguém sabe como entra, quanto entra nos cofres da Prefeitura e como este dinheiro é aplicado.

 

Por Paulo Dias para o News Infoco