Desde ontem(28), a possibilidade do prefeito de Alagoinhas, Joaquim Neto(PSD), se licenciar do cargo para atender voluntariamente como médico os casos de coronavírus registrados no município tem causado polêmica. Nos bastidores o que se comenta é que a sugestão surgiu do núcleo que cuida do marketing politico do prefeito. Uma forma de tirar dividendos políticos da pandemia que se alastra pelo país.
Comparada com outras cidades, Alagoinhas tem registrados índices modestos. De acordo com o último boletim, a cidade tem apenas 1 caso confirmado e 20 suspeitos. Salvador, Feira de Santana e Porto Seguro lideram os registros de infecções no estado.
Apesar disso as medidas dos governos, seja na esfera federal, estadual e municipal tem sido no sentido da prevenção. Evitar que as pessoas contraiam o virus e assim possam superlotar os hospitais. O Brasil como um todo, segundo declarações do ministro da saúde, Henrique Mandetta, possui um número até extenso de leitos de UTI, porém o nível de ocupação é alto. Ou seja, o problema principal do país é estrutura adequada, que não existe, para atender um número acentuado de casos graves que por ventura possam acontecer.
Não existe cura para o coronavirus. Assim como a gripe, o atendimento médico apenas trata do controle dos sintomas(febre, diarreia, tosse, falta de ar, etc) e se espera que o próprio organismo humano combata o vírus. Nos casos mais graves, a internação na UTI é quase uma regra.
Um outro problema enfrentado no país é a falta de testes para todos que suspeitam estarem com a doença. Diante da falta desses testes, os órgãos de saúde tem recomendado que a população só procure os hospitais quando apresentem sintomas graves, como falta de ar e febre alta, para que a partir do teste possam confirmar a presença do coronavirus e receitar os medicamentos corretos. Nos casos menos graves, mesmo sem a confirmação de estar portando o virus, a recomendação é que permaneçam isolados em casa e tratem como uma gripe normal. A intenção é utilizar o número limitado de testes nos casos mais graves.
A falta de médicos no sistema de saúde, dentre todos os problemas, tem sido o menos tratado nas declarações, seja do ministro da saúde, seja do secretário estadual de saúde, ou de especialistas da área. No entanto, o prefeito de Alagoinhas parece querer inverter o quadro de prioridades.
Alagoinhas possui um único Hospital Público, o Hospital Dantas Bião, que atende outras 22 cidades da região. Os leitos de UTI são poucos e estão lotados. Alagoinhas possui duas UPAs não inauguradas, uma no Barreiro e outra em Santa Terezinha, que poderiam ajudar no desafogamento do Dantas Bião, mas que não funcionam.
Após a constatação do primeiro caso de coronavírus na cidade, contraído por uma servidora da secretaria municipal da fazenda, colegas de trabalho da infectada denunciaram que ao procurarem os postos de saúde para fazer o teste do coronavírus, tiveram seus pedidos rejeitados. A atitude causou indignação. Mas é aquele caso, não existe teste para atender a todos e a prefeitura tem restringido a utilização dos poucos testes que possui.
Diante de tantas deficiências no sistema de saúde no município de Alagoinhas, a presença de mais 1 médico, neste caso Joaquim Neto, é logicamente irrelevante. De nada valerá seu reforço se não existir estrutura para abrigar quem realmente necessite de internação ou de cuidados médicos.
O único beneficio, e mesmo assim limitado, seria o beneficio politico. Aquela imagem de abnegação do poder para o atendimento voluntário aos menos favorecidos. Discurso que será facilmente desconstruído pelos seus adversários políticos, que não são poucos.
Ontem, o editor-chefe deste News Infoco, Caio Pimenta, classificou a situação como ‘palhaçada sem precedentes’, e criticou fortemente o fato do gestor público cogitar tal ação. Para Pimenta, Alagoinhas precisa que o prefeito encarne o papel de líder e comande as estratégias e ações na prevenção e combate ao vírus na cidade.(veja aqui)
Neste momento o que deve se ter como prioridade é a saúde da população. Medidas com fundos eleitoreiros e políticos são desprezíveis e não podem ser utilizados diante desta pandemia que acomete todos os brasileiros.
Editorial Site News Infoco