O ex-diretor do Serviço Autônimo de Água e Esgoto de Alagoinhas – SAAE – Elmar Mendes, esteve no programa Primeira Mão, nesta quarta-feira(13), para defender o abastecimento de água e o saneamento básico como atividades públicas, alertando para o perigo da privatização. Ele pretendeu desmontar o mito de que tudo que se privatiza funciona melhor. O programa Primeira Mão levantou esse debate por conta da má gestão do governo anterior que deixou o SAAE com uma dívida de R$14 milhões, pelas constantes queixas de falta de água atualmente e por freqüentes, antigas e novas suspeitas de corrupção na autarquia. O próprio Elmar é contra a privatização, mas está sofrendo com desvio de função, no caso, ele é contador concursado do ente público e move uma ação contra a autarquia.
Elmar Mendes afirmou não ter nenhuma culpa com relação a esse endividamento, pois recebeu a autarquia com um déficit de R$ 5,5 milhões e a reduziu para R$ 4 milhões. Ele não criticou a gestão do prefeito Paulo Cezar, apenas reprovou o fato de não se ter realizado aumento de tarifa em seu primeiro mandato, para o ex-diretor, um dos fatores da crise financeira. Além de débito astronômico com a COELBA, houve também inadimplência junto à Previdência Social.
O comentarista Caio Pimenta questionou os valores exorbitantes da folha de pagamento do SAAE, superior a R$ 1 milhão/mês, contado com pouco mais de 170 funcionários. Elmar argumentou que os salários e benefícios não foram parte indutora do endividamento. Caio retrucou que, pelo menos, esse peso orçamentário reduz a capacidade de investimento da operadora. Se a média salarial da servidora fica em torno R$6 mil, seria importante se investigar casos de possíveis super salários, no mínimo.
Haroldo Azi, âncora do programa, questionou se o SAAE tem sido usado para promover candidatos politicamente, em uma ação parecida com o que ocorreu com a Petrobras. O ex-gestor disse que desconhece qualquer irregularidade nesse sentido. Haroldo rebateu, afirmando que ele, como funcionário e ex-gestor, não poderia deixar de saber algo tão amplamente comentado. Elmar pediu que fossem apresentadas provas. Haroldo disse que tem fontes confiáveis que suspeitam da existência de esquemas no serviço de água e esgoto. Mencionou, atualmente, o uso de uma escavadeira para fazer serviços para a Secretaria de Infraestrutura – Secin – cuja gestora interina, Maria das Graças, saiu da diretoria do SAAE para assumir o novo cargo, recentemente.
Sobre as constantes queixas de falta de água, Elmar atribui, muitas delas, à ausência de reservatório nas residências, porém as reclamações mencionam ruas e bairros da classe média que tem como prática fazer reservação. Claro que o problema da irregularidade no abastecimento afeta bem mais quem não tem condições de comprar uma caixa d’água, algo que custa cerca de R$400,00 (no entanto, o maior custo é colocá-la em lugar elevado, implicando gastos com infraestrutura residencial).
Elmar prega que, ao invés de privatizar, deve-se eleger um prefeito com projetos para o setor. Ele mencionou a eficiência energética como um dos pontos desse planejamento. O SAAE gasta R$370 mil/mês com eletricidade. Isso porque a cidade não tem reservação, a bombas funcionam por longos períodos de tempo. Para ele, o próximo prefeito tem que ter, também, a coragem de retirar a taxação de ICMS da autarquia. Durante a entrevista se falou da CPI do SAAE, que produziu um exíguo relatório final de cinco páginas, segundo Elmar.
Ninguém quis mencionar os indiciados pelo processo investigativo, como também não se informou em que patamar está endividamento atual da fornecedora de água e responsável pelo esgotamento sanitário. Aliás, o saneamento não fez parte da pauta, algo que completará 20 anos de promessas, embora um volume gigantesco de recursos já esteja contratado com o Governo Federal. Seria um exemplo má gestão de duas décadas, envolvendo três prefeitos.
Acompanhe o debate sobre a privatização do SAAE no programa Primeira Mão:
Por Paulo Dias para o News Infoco