Não basta ser novo para representar um projeto intitulado de ‘nova politica’. É preciso ter coerência entre o discurso e a prática, aliada a uma convergência do que a população espera através do surgimento de uma nova ordem politica. E o que seria essa nova politica? Em linhas gerais, o combate as práticas populistas, a tolerância zero com a corrupção, o distanciamento das figuras da politica tradicional que sempre estiveram intimas do poder e que de um modo ou de outro se favoreceram das benesses que ela oferece. Essa é a lição que se pode tirar das manifestações que culminaram no impeachment de Dilma e no apoio irrestrito à operação Lava Jato.

Em Alagoinhas, diante do evidente desgaste das figuras simbolo da politica tradicional, surgem vários nomes dispostos a se cobrir com o manto da ‘nova politica’ e assim ter um campo amplo para encantar os eleitores e pavimentar sua chegada ao paço municipal. Um deles é Fabricio Faro.

Figura séria, Fabricio é jovem, tem postura firme, tem ideias que envolvem o eleitor, prega o gasto responsável dos recursos públicos com uma eficiência na prestação dos serviços a serem alcançados. Porém tem dificuldades em descolar sua imagem das figuras tradicionais da politica local, identificados pela população como representantes da velha politica.

Para inicio de conversa, Fabricio tem como padrinho politico, o deputado federal Paulo Azi, do DEM, já rodado, que apesar das vultuosas somas de emendas enviadas ao município, teve uma votação pífia na cidade nas últimas eleições. Ao romper politicamente com o deputado, disse o prefeito Joaquim Neto ‘Me livrei de um contêiner’. Comparado pelo também colunista deste site News Infoco, Hugo Azi, ao ‘Sinhozinho Malta’, Paulo Azi, embora possa dar uma estrutura partidária e permita uma maior facilidade no acesso de recursos federais diante de sua influencia em Brasilia, dificulta as possibilidades de Fabricio de sustentar uma ruptura com a chamada ‘velha politica’.

Pior que isso é a falta de disposição demonstrada até aqui por Fabricio em rechaçar qualquer tipo de vinculação entre sua possível candidatura e um apoio do ex-prefeito Paulo Cezar. Paulo Cezar é acusado pelo MPF de participar de um esquema fraudulento envolvendo contratos no transporte escolar durante seu governo. Estes mesmos contratos, já haviam sido alvo de denuncias da oposição à época, antes do MPF oferecer a denuncia contra o ex-prefeito.

Ao entrar na SEDUC e identificar potenciais irregularidades, o próprio Fabricio rompe estes contratos, depois comprovadamente fraudulentos, mas mesmo assim, de forma surpreendente, acha que seria interessante um apoio de Paulo Cezar.

As incoerências entre o discursos inovador de austeridade e eficiência e a estreita relação com figuras da velha politica em meio a acusações de envolvimento com ilícitos e, em outro caso, com uma sensível falta de empatia com eleitor, são mais do que fortes ingredientes para fazer naufragar qualquer tentativa de se chegar ao poder com a bandeira de implementação de uma ‘nova politica’.

Caio Pimenta é Bacharel em Direito, radialista, comentarista do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco