Falando abertamente sobre suicídio em Alagoinhas: em mês de campanha voltada à promoção da vida, sessão especial é realizada na Câmara

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Seguindo a campanha nacional e propondo um debate aberto sobre suicídio, a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), o Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03), o Conselho Municipal de Saúde (CMSA) e o Legislativo promoveram, na última sexta-feira (14), uma sessão especial na Câmara de Vereadores.

A proposta foi mobilizar sociedade civil, profissionais da saúde e representantes da esfera pública municipal para discutir formas de enfrentamento ao suicídio e pensar estratégias de prevenção.

Quem abriu a programação foi Itamar Carneiro, do Conselho Regional de Psicologia da Bahia, que explanou sobre as políticas públicas voltadas a pessoas com ideação suicida.

Carneiro apresentou dados alarmantes e chamou a atenção ressaltando que 17% dos brasileiros – segundo dados da Unicamp – já pensaram, em algum momento, em dar fim à própria vida. “Pensar na morte faz parte da natureza humana. Precisamos falar abertamente sobre o assunto e discutir a temática também pelo viés da educação”, comentou.

O membro do Conselho Regional de Psicologia do estado enfatizou que houve um aumento da taxa de mortalidade por suicídio no Brasil e explicou que esta é a 3ª causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos de idade no país.

Os apontamentos de Itamar Carneiro foram sucedidos por um bate-papo com o secretário de saúde Moacir Lira sobre políticas públicas municipais voltadas a pessoas com ideação suicida. O gestor da pasta destacou que é preciso desconstruir mitos e estigmas relacionados ao tema, abrindo portas para o diálogo, organizando linhas de cuidados integrais e pensando estratégias para a promoção da qualidade de vida.

“Sentimentos como desesperança, desamparo e desespero são legitimamente humanos. O suicídio é complexo. Não existe uma explicação única. São vários fatores associados. Quer saber por onde andei? Calce meus sapatos. O enfrentamento é de cada um e não podemos julgar”, afirmou o secretário.

Moacir Lira mencionou a portaria n1.876, de agosto de 2006, sobre as diretrizes nacionais para prevenção ao suicídio e a portaria n3.479, de dezembro de 2017, sobre o Comitê do Plano Nacional de Prevenção, para explicar como as instâncias municipais podem agir para ampliar o debate e reduzir o número de atentados contra a própria vida.

O gestor da pasta falou sobre a necessidade de compartilhar informações relacionadas ao tema, tratando a questão como um problema social de relevância para a saúde pública.

O secretário de saúde relembrou ainda os locais de atendimento que podem ser procurados pela população, como a Atenção Básica, o ambulatório de saúde mental, o CAPS III Tom Brasil, o Serviço de Psicologia (FSSS) e o Samu, que tem feito também atendimento psicológico, e informou que a SESAU tem buscado ampliar as redes de diálogo e atendimento.

Moacir Lira destacou o papel da saúde em lidar com as dores físicas e as dores da alma, e falou sobre os desafios de gerir “demandas infinitas com recursos limitados”, ressaltando o papel da escuta e da sensibilidade em todas as esferas do setor.

A SESAU explicou que, em grande parte dos casos registrados, os sintomas por trás do suicídio estão relacionados a questões de saúde mental e a transtornos que, se diagnosticados previamente, podem evitar o ato, daí a importância de se falar sobre depressão, transtornos familiares, ansiedade, fobias, alterações de humor, compulsões e outras psicopatologias.

A presidente do Conselho Municipal de Saúde, Steleyjanes Rodrigues, doutoranda em Educação, comentou sobre estratégias de enfrentamento e fez ponderações quanto ao perfil de pessoas com ideação suicida, e a psiquiatra Simone Paes explicou casos em que a intervenção medicamentosa pode ser necessária para evitar o ato.

O evento contou com a participação de profissionais da saúde, do vereador Luciano Almeida,  de representantes dos Conselhos, de alunos de psicologia e da comunidade. A programação promovida, com palestras sobre o tema, é mais uma forma, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, de chamar a atenção para o problema e debater estratégias de prevenção.

“Espero que a gente não discuta suicídio apenas em setembro, quando ocorre marcadamente a campanha nacional. É uma questão que tem que ser debatida cotidianamente, inclusive entre os profissionais do setor”, disse Moacir Lira.

A SESAU informou que já está elaborando formas, métodos e iniciativas que mantenham abertas as discussões e que contribuam para a prevenção, agregando informações e cuidados que desvelem elementos para a compreensão do sofrimento psíquico.

Fonte: SECOM