Governo Joaquim Neto subestima crise no transporte público de Alagoinhas e caos no sistema é iminente – Por Caio Pimenta

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Passados 1 semana desde o inicio da paralisação dos funcionários da empresa Cidade das Águas, uma das duas concessionárias que exploram as linhas de ônibus de Alagoinhas, ainda não existe uma perspectiva de volta a normalidade. O caso é grave.

Literalmente, a empresa está quebrada. Deve-se FGTS e pelo menos uma parcela do 13º salário dos funcionários, a outra deve ser paga agora no próximo dia 20. E se a concessionária não teve condições de pagar a primeira parcela, agora sem rodar, dificilmente vai conseguir honrar a segunda. É uma bola de neve… e nós já vimos esse filme antes com a empresa Xavier.

Porém, esta situação é apenas a ponta do iceberg. A realidade é que o sistema de transporte público de Alagoinhas, como um todo, está falido, não se sustenta. Estudos demonstram que para se custear o sistema, a tarifa deveria girar em tono de R$4,40. Hoje se opera a R$2,70.

Embora a primeira vista possa parecer um absurdo aos olhos do usuário do sistema, que reclama, e com com razão, da péssima qualidade dos ônibus ofertados, é preciso que sejamos sinceros e apontemos os motivos que levam a isso.

Durante 8 anos do governo irresponsável do ex-prefeito Paulo Cezar, apenas dois reajustes foram concedidos. Obviamente, os aumentos não foram suficientes para cobrir as perdas no sistema. Durante esse período, não só a inflação, como também a concorrência com outras modalidades de transporte, como os mototáxis e ubers, abalaram as finanças das empresas. Alagoinhas passou a ter a menor tarifa de ônibus do Brasil, embora seja uma das poucas cidades a conceder gratuidades adicionais aos já estipuladas pela legislação federal.

Essa mistura de excessivas concessões de gratuidades, com falta de reajuste anual da tarifa e a concorrência com outros modais de transporte, criaram esta crise ao qual assistimos. As empresas acumularam perdas que hoje inviabilizam qualquer tipo de investimento no setor. Isso se traduz no péssimo serviço ofertado á população.

O sistema é tão deficitário que a outra concessionária, a ATP, negou a oferta da SMTT de assumir as linhas da Cidade das Águas, alegando que isso aumentaria o seu déficit. Isso mesmo, aumentaria o seu prejuízo! Ou seja, a ATP também pode parar a qualquer momento.

Se instantes atrás me referia a irresponsabilidade do governo do ex-prefeito Paulo Cezar, a quem publicamente culpo pela falência do sistema de transporte público em nossa cidade, o atual gestor, Joaquim Neto, passa a ser co-responsável, na medida que tem sido incapaz de resolver o problema. O governo Joaquim Neto subestima a crise no setor, e isso também é um ato de irresponsabilidade.

No rol de possibilidades, exitem várias soluções que podem ser tomadas pela gestão, entre elas: a prefeitura intervir e assumir as linhas, hoje deficitárias devido a uma tarifa que não a remunera, ou um subsidio ao sistema para que as empresas possam operar.

O que não pode é o trabalhador ficar sem o dinheiro que lhe é devido e a população refém de um sistema caótico, que diante da irresponsabilidade da ex-gestão e da letargia da atual, tende a paralisar completamente.

Escrito por Caio Pimenta, bacharel em Direito, radialista, apresentador do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco