Interesse repentino de Adrião Barbosa pelo transporte público de Alagoinhas causa estranheza – Por Caio Pimenta

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A recente movimentação do presidente do sindicato dos comerciários de Alagoinhas, Adrião Barbosa, e o seu repentino interesse pelo tema transporte público local causou estranheza no meio politico e em setores empresariais da cidade.

Em entrevista concedida ontem(28) ao programa Digital News, da rádio Digital FM, o sindicalista cobrou da SMTT a extensão do horário de funcionamento das linhas de ônibus e chegou a afirmar que a classe dos comerciários tem sido a mais afetada com a situação.

Empresários ouvidos por esta coluna questionaram a postura do líder sindical. Segundo eles, a obrigação de conceder o transporte para seus empregados é do empresário e não necessariamente precisa ser via transporte público. Usaram como exemplo, o caso da loja Barreto, que há vários anos transporta os seus funcionários em veículos próprios.

Em conversa com o presidente do Sicomércio, Benedito Vieira, esta coluna apurou que há vários anos(bem antes da pandemia), um acordo entre sindicato patronal e sindicato dos comerciários, autoriza os comerciantes, caso queiram, a pagar em pecúnia, o auxilio transporte.

Consulta realizada por esta coluna ao sistema de bilhetagem eletrônica identificou que apenas cerca de 18% dos comerciários recebem vale-transporte de seus patrões. O restante, cerca de 82%, não utiliza o transporte público, o que rebate por completo a afirmação de que “a classe dos comerciários tem sido a mais afetada com a situação”, já que a esmagadora maioria já não utiliza o modal.

Na realidade, a falta desses 82% de comerciários no sistema de transporte público faz com que cerca de R$ 597.780,00 deixem de entrar mensalmente no sistema. Dinheiro que poderia financiar renovação de frota, ativação de novas linhas e até diminuição de tarifa. O que isso quer dizer é que a atuação do sindicato dos comerciários, ao patrocinar esse acordo coletivo, contribui pela falta de financiamento do sistema, causa dos problemas que agora Adrião Barbosa critica.

O líder sindical disse ainda na entrevista que uma reunião foi realizada na terça-feira com as presenças de representantes da SMTT, da empresa ATP, atacadistas e comerciários para tratar do tema transporte público. A falta de participação do sindicato dos rodoviários, do Sicomércio e de representantes da comissão de transportes da Câmara Municipal chamou a atenção. O medo de ser apontada as contradições e a responsabilidade do sindicato na falta de financiamento do transporte público foram apontadas como possível motivação da falta dos convites.

Empresários do comércio também relataram a esta coluna que a posição de Adrião Barbosa, com a reunião, e a pauta adotada, acaba por advogar aos interesses, exclusivamente, dos supermercadistas, que deixam seus estabelecimentos abertos até mais tarde, criando problemas para que os funcionários retornem às suas residências. O comércio varejista, de modo geral, fecha muito mais cedo, dizem eles. Estes comerciantes ouvidos por essa coluna questionam, por exemplo, o fato de Adrião Barbosa não se sensibilizar com os trabalhadores de bares, que aos fins de semana exercem jornadas que passam pela madrugada. Como esse pessoal chega em casa?

Diante de tantas contradições e enigmas, ao tentar mostrar as caras no tema transporte público, Adrião Barbosa e o sindicato dos comerciários acaba por ter muito mais o que explicar, do que cobrar explicações.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.