O pré-candidato a prefeito de Alagoinhas pelo Podemos, o vereador João Henrique Paolilo, esteve nesta quinta-feira(09) no programa Primeira Mão para falar sobre sua visita à cidade de Sobral no Ceará, referência nacional na área de educação, onde esteve em busca de formas de gestão no setor que modificaram tão radicalmente a qualidade no ensino público. Henrique também respondeu a questionamentos quanto a temas nacionais, mostrando não ter muita simpatia pelo governo do presidente Bolsonaro. Comentando as reformas na seguridade social no estado e na capital, o pré-candidato defendeu que sejam adotados critérios mais sociais, quando se questiona muito essa linha de ação por comprometer as gestões públicas na atualidade. Todos querem acertar a economia para gerar empregos, menos a esquerda, claro.
Ao mesmo tempo, que diz seguir a atuação do líder do seu partido no estado, o Deputado João Carlos Bacelar, que faz parte do grupo do governador Rui Costa, apoiou a desfiliação de Marcos Feliciano do Podemos. Mostrou tolerar a independência relativa dos governos estaduais sobre a linha de atuação no congresso nacional. Algo um tanto contraditório. O Podemos expulsou Marcos Feliciano por apoiar em campanha Bolsonaro, quando o partido tinha como candidato Álvaro Dias, um ferrenho crítico do petismo. Curioso que hoje o Podemos vota em massa em muitos projetos do executivo. Talvez uma punição mais branda para o político fosse mais coerente, frente aos desafios daquele pleito e as incoerências internas da legenda.
O vereador disse que não consegue avaliar o governo Bolsonaro como positivo por não ter conseguido apaziguar o país até o momento, também enxerga em Lula praticamente os mesmos defeitos e limitações. Ele atribui ao Congresso Nacional o mérito pela reforma da previdência, esquecendo-se que o estilo do presidente levou milhões às ruas pela reforma, que estava sendo emperrada pelos parlamentares desde o governo Dilma. Esses mesmos parlamentares posteriormente desfiguraram o projeto anticrime do ministro Sérgio Moro, com a ajuda do PT, partido de Rui Costa, a quem segue. Além disso, o congresso criou a lei de Abuso de Autoridade, altamente criticado por setores da sociedade que vê na medida uma forma encontrada por políticos para se autodefender dos processos de corrupção.
Quanto a Sobral, a grande novidade que o vereador trouxe foi a avaliação realizada lá semestralmente e a percepção de que tudo começa na infraestrutura da rede no sentido de dotar as escolas de um ambiente agradável e motivacional para os alunos, o restante é o que todos já sabem e não aplicam, valorização e capacitação continuada dos professores e integração da escola com as famílias. O Município cearense consegue atingir a meta em 9,7% do Ideb, enquanto em Alagoinhas, a melhor escola, localizada no conjunto Alagoinhas IV, chega aos 4,7 pontos, embora a média das escolas municipais estejam abaixo disso. Desde 2011, segundo o pré-candidato, Alagoinhas não consegue atingir os níveis colocados pelo MEC. Lembrando que seu partido apoia um governo que também fracassa nesse quesito em âmbito estadual(Governo Rui Costa). É preciso destacar também que a família Paolilo tem um histórico significativo na condução da educação estadual no município, principalmente nos anos 80 e 90.
Voltando ao cenário nacional, João Henrique considera impossível implementar a introdução de um juiz de garantias na atual estrutura jurídica do país, embora a ideia tenha qualidade técnica. Quanto às candidaturas avulsas, avalia como um pleito legítimo da população também de difícil execução, principalmente nas eleições do legislativo, diz que é preciso reconhecer a importância da representação partidária, quando esta é vista pela maioria da população como um instituto dado à corrupção e ao autoritarismo dos caciques políticos.
João Henrique mostra querer trazer inovações para área da educação de Alagoinhas em uma futura plataforma de governo, ao mesmo tempo tenta pregar uma nova politica, sem fazer uma negação mais incisiva ao conservadorismo das estruturas partidárias, que aos olhos do cidadão é injusta e repleta de ilicitudes. Novo e velho ao mesmo tempo.
Com todo atrelamento do Podemos a Rui Costa, parece que, vingando seu projeto político, Alagoinhas terá mais um candidato à esquerda na cidade. E a velha coerência partidária, será relativizada com a legenda ocupando palanques de diversas inclinações ideológicas em todo o país? Parece que a expulsão de Feliciano, nesse cenário, perde algo em coerência.
Acompanhe a entrevista completa concedida por João Henrique Paolilo ao programa Primeira Mão:
Por Paulo Dias para o News Infoco