Com as mudanças climáticas e as novas tendências de consumo, produtores rurais têm apostado na diversificação de cultivos para garantir maior renda e segurança financeira. Frutas regionais e subprodutos aparecem como alternativas promissoras para atender às demandas do mercado em 2025. Fatores como a escolha adequada das espécies, resistência ao calor, tolerância ao estresse hídrico e proteção contra pragas são questões essenciais a serem pensadas para garantir uma melhor produtividade e retorno financeiro.

De acordo com Anchieta Pionório, engenheiro agrônomo, conhecer a região onde o pomar será implantado é fundamental para garantir o sucesso na hora de escolher as frutas para a diversificação. “A adaptação das plantas às condições locais deve ser um ponto relevante para alcançar bons resultados”, explica.

Entre as frutas que devem se destacar na produção este ano, o engenheiro agrônomo aponta o umbu gigante, pitaya, acerola, maracujá doce e manga rosa como as mais promissoras. “Essas frutas têm ótima aceitação no mercado e, com manejo adequado, podem atingir todo o seu potencial produtivo”.

Na Fazenda Bella, localizada em Nova Soure, Bahia, a aposta em culturas variadas e subprodutos tem gerado resultados positivos. Iniciada em 2020 em terras degradadas, a propriedade foi recuperada com práticas sustentáveis, como adubação verde, cobertura do solo e uso de insumos orgânicos.

Izabella Dantas, proprietária da Fazenda Bella, destacou o papel da acerola como carro-chefe da produção. “Cultivamos acerola para a indústria de concentrados e também estamos testando a venda de acerola higienizada e congelada para supermercados e clientes finais, o que tem dado muito certo”, explicou. Al

Para 2025, a produtora planeja ampliar o cultivo de maracujá e introduzir melancia orgânica, apostando no ciclo curto da cultura. “O maracujá traz uma renda interessante pela qualidade e por ser orgânico. Já a melancia, se os testes forem bem-sucedidos, será expandida a partir de fevereiro”. Outro projeto envolve o plantio de mamão papaia em consórcio com acerola, visando aumentar a produção e diversificar a oferta de frutas in natura.

A proprietária comentou ainda sobre os desafios relacionados à logística para a comercialização das frutas. “O custo do frete é elevado, e faltam canais justos para escoamento das frutas. Sonho com um projeto na Bahia semelhante ao Instituto Chão de São Paulo, que conecta produtores a consumidores com preços mais justos, sem atravessadores”.

Além disso, a fazenda comercializa maracujá, goiaba, manga, caju e graviola, tanto in natura quanto em formas processadas, como polpas e frutas desidratadas. A produção também inclui ervas culinárias, como tomilho, orégano e manjericão, disponíveis frescos ou desidratados, além de ervas para chá, como capim-santo, erva-cidreira e boldo.

Pedro Alves, da Cooperativa Nacional de Produção e Agroindustrialização (Coopaita), com sede em Itaberaba, município com destaque na produção de abacaxi, explicou que a produção e aproveitamento da fruta tem impulsionado a rentabilidade dos cooperados. Segundo ele, frutos que não atendem aos padrões de peso ou estética exigidos pelo mercado in natura são transformados em produtos como frutas liofilizadas e desidratadas. “Esse fruto que é desvalorizado no mercado das frutas in natura acaba sendo beneficiado e transformado em frutas liofilizadas e desidratadas. Assim a cooperativa consegue dar um retorno financeiro maior ao produtor por esses frutos”.

Apesar dos avanços, a comercialização de produtos como frutas desidratadas ainda enfrenta resistência no mercado. Para superar esse desafio, a Coopaita tem investido em produtos saudáveis, como barrinhas de cereais sem açúcar ou conservantes, e em parcerias com instituições como a Embrapa, para o desenvolvimento de variedades adaptadas ao semiárido. “Nosso foco é qualidade, desde o acompanhamento técnico nas lavouras até a seleção dos frutos para beneficiamento”, reforçou Pedro.

A cooperativa planeja para 2025 diversificar ainda mais os produtos, como o lançamento de novas barrinhas de frutas e até cerveja de abacaxi, gerando maior renda para os cooperados.

Fonte: A Tarde Por Dianderson Pereira, sob a supervisão da editora Cassandra Barteló