A vereadora Juci Cardoso fez, na sessão desta quinta-feira (23), discurso em que cobrou a urgência de um plano de prevenção à saúde em Alagoinhas e criticou o racismo da Prefeitura de Vitória da Conquista contra mestres de capoeira.
A vereadora iniciou relatando uma visita de fiscalização à unidade de saúde do Jardim Petrolar. Apesar de uma reforma recente, a unidade “ainda apresenta uma série de problemas estruturais”. O problema maior, contudo, é o crescimento alarmante de doenças crônicas.
“A cada dia, cresce sobretudo o número de pessoas com diabetes e hipertensão em nossa cidade, assim como a obesidade”, alertou. Ela fez um recorte racial: “Nós sabemos que em nossa cidade somos 84% de negros e negras e o fator raça, cor, é preponderante nesses indicadores”, salientou.
Juci Cardoso criticou a falta de um “programa de educação e saúde no município que funcione e que pense em prevenção”. Como exemplo, citou uma academia da saúde ao lado da unidade do Petrolar que está “abandonada” e “precisa ser revitalizada”.
Para a vereadora, a falta de prevenção tem consequências graves: “Não adianta tratar apenas com remédio. Haja vista o aumento do número de pessoas mutiladas em decorrência da diabetes no Hospital Dantas Bião”. Ela defendeu a realização de audiência pública sobre Práticas Integrativas (PICs) como uma forma de “diminuir os custos que hoje o SUS tem com medicação e internação”.
Repúdio
Na segunda parte de sua fala, Juci Cardoso manifestou “repúdio à Prefeitura de Vitória da Conquista”, estendendo a crítica a “praticamente 100% dos 417 municípios baianos” pela “falta de respeito e de racismo em relação à cultura popular, sobretudo à capoeira”.
Ela se solidarizou com o “mestre Acordeom”, da Associação de Capoeira Viva a Conquista, que, de acordo com a vereadora, “foi retirado do espaço em que treinava, um espaço público, para treinar em um espaço aberto, sujeito à chuva, à sol, como se fôssemos cachorros. Porque é isso que se trata”.
A vereadora, que também é capoeirista, denunciou o uso político dos grupos culturais: “Nós não somos manobras eleitorais de ninguém, que só nos procuram no momento do voto”. Ela acusou as gestões de hipocrisia, especialmente com a proximidade do Novembro Negro.
“É essa mesma administração pública, que neste momento agora do novembro negro, busca estes grupos sem dar apoio nenhum para fazer apresentação gratuita”, disparou. “A cultura brasileira não é somente festa de trio. A cultura brasileira é também a nossa cultura, genuinamente do nosso povo.”
A vereadora trouxe a crítica para o âmbito local, afirmando que, embora Alagoinhas tenha “avançado significativamente”, ainda há problemas, como o grupo que treina em “local inadequado” no Ferro Aço (Santa Terezinha). “Esse apoio hoje só se dá por conta de ter uma capoeirista no parlamento. E não porque as pessoas valorizam a capoeira”, finalizou.
Apoio
A vereadora Jaldice Nunes relatou ter contatado a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, para intermediar a situação. “Eu acabei de mandar uma mensagem para Sheila Lemos para saber de que forma isso aconteceu”, disse, lembrando que o deputado federal Paulo Azi também apoia a pauta da capoeira.
Thor de Ninha também se solidarizou e informou ter verificado o documento oficial. “O texto do ofício não traz nenhum tipo de justificativa para que ele pudesse convencer as pessoas de que não é um ato de racismo”, criticou. “O texto tem também um erro no tempo verbal, demonstrando que não houve zelo nenhum. Está aqui também o repúdio do nosso mandato por considerarmos ato de racismo”, disse.
Para assistir a sessão na íntegra, clique no link: TV Câmara Alagoinhas
Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas
Fotos – Jhô Paz





























