Carlos Alberto Litti Dahmer, diretor da CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), afirmou que “70% da categoria acreditou nas propostas do governo e se considera traída por [Bolsonaro] não ter cumprido”. A declaração foi feita neste domingo (17.out.2021) em entrevista ao site Poder360.

A CNTTL e outras entidades que representam os caminhoneiros deram duas semanas para que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) atenda as reivindicações da categoria. Caso contrário, organizarão uma greve a partir de 1º de novembro.

Entre as demandas estão redução do preço do diesel e a revisão da política de preços da Petrobras.

O Ministério da Infraestrutura não irá se pronunciar neste domingo sobre o tema. Integrantes da pasta avaliam que as lideranças que chamaram o evento não tem capilaridade dentro da categoria e que caminhoneiros autônomos não devem aderir à greve.

Litti Dahmer disse que a pauta do movimento não é política, mas econômica. “Nós estamos a favor da categoria. É que às vezes se confundem que estar a favor da categoria é estar contra governo”, afirmou.

O diretor da CNTTL disse haver grupos de caminhoneiros contrários à greve. “Não é a 1ª vez que não concordam”, declarou. Afirmou que o governo tenta dividir a categoria para evitar que motorista participem da paralisação.

Mas a necessidade e a urgência daquilo que estamos pedindo vai ser maior que esses movimentos que alguns em sua minoria vão tentar fazer”, disse. A greve é planejada durante altas no preço do diesel, que está sendo vendido a R$ 4,96 por litro, segundo dados até 9 de outubro da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Litti Dahmer declarou que a paralisação, caso realizada, será por causa das promessas não cumpridas pelo governo Bolsonaro. Contudo, disse que o movimento não é a favor do impeachment de Bolsonaro.

“Nós não somos favoráveis de forma alguma ao golpe. Foi eleito, vai cumprir o mandato. Se bem ou por mal, são as urnas que vão definir”, disse o líder caminhoneiro.

Ele afirmou que durante o governo Bolsonaro “só houve retrocessos” nas reivindicações dos caminhoneiros. Avaliou que a situação está pior que em 2018, quando a categoria organizou uma de suas maiores greves, no governo Temer.

Já se passaram 3 anos de mandato desse governo e nada foi feito, a não ser tentar retirar o que já foi conquistado”, afirmou.

O diretor da CNTTL disse que o movimento poderá negociar com governadores durante a greve, mas atribuiu a principal responsabilidade pela alta nos preços dos combustíveis ao presidente. Bolsonaro culpa os Estados, afirmando que governadores poderiam abaixar o percentual do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para diminuir o preço do diesel.

A CNTTL participou de encontro com o ex-presidente Lula no começo de outubro. Litti Dahmer, no entanto, disse que a entidade não está buscando apoio político. Afirmou que “no momento oportuno será o momento de fazer conversas” ligadas às eleições de 2022.

O líder caminhoneiro também afirmou que caminhões com insumos médicos ou jornais, ambulâncias, carros de passeio ou veículos dos Correios poderão passar pelos bloqueios da greve. “Se nós estamos lutando para nossa sobrevivência, nós não podemos restringir a vida de ninguém”.

Poder360