Movimento feminista, pró-causa LGBTx, nova esquerda e a família – Por Paulo Dias

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Paulo Dias

A família se fragiliza por conta de todo enfraquecimento da figura paterna. Há quem pense que desempoderar o pai empodera a mulher, há muita gente que cai nesse engano. Contudo não há nada explícito tanto no feminismo, quanto no movimento LGBT… contra a família. Os gays querem casar e adotar filhos, portanto querem constituir família. Como também para eles é importante o apoio da família à sua orientação sexual.

No entanto, há momentos que essa postura de feministas e dos gays assume uma conotação dúbia. Explico, mulheres extremamente combativas contra as atitudes machistas podem fazer a confusão entre atitudes machistas e a autoridade da figura paterna e, em uma espécie de transferência, achar que derrubar o machismo significa derrubar o pai, uma lógica que se dá, acredito, inconscientemente e de forma velada, embora uma minoria de escritoras feministas defenda isso claramente. Há uma luta silenciosa e simbólica contra o pai, à família tradicional(seus valores) e à propriedade privada se estabelecendo. Apesar de relações gays estáveis serem mais respeitáveis e saudáveis que muitos casamentos heterossexuais.

Por outro lado, o homem e a mulher casados que fazem da traição algo comum e natural, também tem um comportamento antifamiliar tradicional. Como também, algumas defesas radicais da liberdade sexual feminina entram em choque com a monogamia, que se pressupõe como base dos casamentos e por conseqüência da vida familiar, ao menos na “velha família”. Ai entra o discurso da “nova família”, que inclui o casamento aberto ou a tolerância a traições. A “nova família” também envolve as famílias gays.

Existe o argumento de que cada um é livre para escolher entre a “velha família” e a “nova família”. Isso parece lógico e bom e eu concordo. Mas quando a “nova família” se torna a bandeira de luta da esquerda, as coisas se complicam e muito. Por que? Respondo, a tese velada(subconsciente) de desempoderamento paterno se soma ao combate à propriedade privada, base do socialismo. O pai passa a ser apenas um indivíduo na casa. E quando os gays são anti-família? Quando tem ressentimentos da sua família tradicional por tê-los rejeitado. Para o gay, a figura paterna pode lembrar o pai que o rejeitou e o hetero que o rejeita.

A “nova família” pode vir a ser um ajuntamento de pessoas com algum interesse comum, uma parceria, uma sociedade empresarial, uma pequena máfia. A família tradicional, por outro lado, ainda é rígida, excessivamente moralista e controladora, despótica e pode se transformar em uma pequena máfia também, pode se viver nela como em um inferno astral, com muito rancor, muita competição, muita intolerância e muita castração, sobretudo dos filhos, mas tem mais chances de construir laços afetivos mais sólidos. É óbvio, no entanto, que a velha família precisa se renovar e a nova família precisa deixar de ser bandeira política, embora o movimento feminista tenha grande importância, bem como o ativismo dos homossexuais. E é fato que a monstruosidade do machismo, do feminicídio, da homofobia, do crime de natureza homofóbica deve ser extirpada da nossa realidade social.

Em resumo, a esquerda pode desvirtuar o feminismo e o movimento LGBT… para facilitar uma mentalidade anti-capitalista na sociedade, para criar caos, com intuito de emplacar sua narrativa e suas manobras políticas, quase nunca executadas dentro da ética. O movimento de esquerda na atualidade, ao chegar ao poder, ampliou o comportamento promíscuo, no meio político, onde há casos em que muitas militantes se relacionam com as lideranças políticas em troca de cargos, de outro lado lideranças políticas aliciam militantes por cargos, tornando natural essa barganha sexual. Nas faculdades, há a mesma barganha sexual por nota. Nesse ambiente é que se prega a “nova família”. Bom, há também as músicas que promovem a sexualização exacerbada que embalam esse comportamento negligente com os valores familiares.

A esquerda acha que esse é o caminho para o socialismo, o esfacelamento da família tradicional, mas pode ser somente uma forma de erguer um capitalismo de estado com apenas o nome de socialismo, completamente sem rumo, autoritário e miserável, onde aqueles que quiserem ser tradicionalistas serão marginalizados, não haverá nenhuma vantagem em se ter uma “velha família” ou vai pagar caro por sua opção. Qual a solução? Uma sociedade anárquica, verdadeiramente libertária, onde cada um escolha sem pressões, sem ideologizações, que tipo de vida deseja.

Acho que deveríamos deixar o termo família para designar a família tradicional, porque essa briga por ampliação do significado do termo já virou picuinha política e pode destruir, de vez, valores familiares que já estão se perdendo. E as “novas famílias” deveriam ser simplesmente outras formas de convívio e de amor, deixando de ser bandeiras de luta da esquerda, massa de manobra. O “pai” também deve deixar de ser castrador, moralista, intransigente, autoritário, repressor e preconceituoso. Mais amor e mais liberdade, pelo prazer do amor e pelo prazer com amor, seja como for.

Paulo Dias é jornalista, graduado pela UFBA, especializado em Pedagogia e mestre em Cultura e Literatura pela UNEB. Tem passagens por vários jornais e assessorias de comunicação em Alagoinhas e Salvador. Atualmente escreve para o site News Infoco