Em festa de despedida com militantes e políticos petistas na noite de quarta-feira, 15, já prevendo que seus recursos seriam negados na Justiça e que sua prisão era iminente, o ex-ministro José Dirceu fez um discurso de cerca de meia hora, criticando o governo Bolsonaro e admitindo erros do PT.
“O povo foi generoso conosco, como vocês são conosco, os dirigentes. Nós cometemos muitos erros. Tem gente que não gosta de reconhecer, mas eu reconheço. Nós, não vocês, nós dirigentes cometemos erros. E o Lula sabe disso”, disse o petista, que clamou ainda por uma reforma política, “revolução”, dentro do PT.
Para ele, o problema foi não terem dado mais atenção às bases do partido. A generosidade, na fala do ex-ministro, faz referência à eleição do ano passado, quando o partido elegeu 55 deputados e 6 senadores.
Sobre o governo, Dirceu disse que Bolsonaro quer “transformar o regime democrático brasileiro em regime autoritário e se submeter a hegemonia dos EUA e entregar nossas riquezas”. Completou afirmando que o País vai se rebelar, mas que não necessariamente optará pela volta dos petistas, “mesmo com a liderança e força do Lula”.
A festa da noite de ontem ocorreu em um bar em Brasília, em que parlamentares fizeram falas em defesa do ex-ministro. O clima era de música e festa. Um deputado fez críticas duras ao Judiciário: disse que não é um poder “neutro”, ‘acima das contradições” e que hoje, no Brasil, tem uma “visão direitista, conservadora, antinacional e antipopular”.
Estadão