Papel que vira flor. Fantoche que vira pássaro e pássaro que vira gente e fala com a gente de cima do palco encantado em que as cenas se desenvolvem através da música. É assim, com a sensibilidade à flor da pele e muita criatividade que a Companhia Abaré de Teatro, do interior de São Paulo, transforma encenação em magia para os olhos do público.
A bagagem é antiga: mais de 10 anos de carreira e cerca de 400 cidades percorridas por um grupo que dedica energia, estudo, treinamento e trabalho ao “fazer artístico onde o povo está”.
Depois de percorrer cidades do Maranhão, recentemente, espetáculos como “A Menina e o Sabiá” e “A Mandrágora” chegaram, no último final de semana, a Alagoinhas, para uma programação de dois dias com oficinas, atividades recreativas, espetáculos circenses, bonecos e apresentações de teatro na estrutura de container adaptada com iluminação técnica, sonoplastia e tenda montada no estacionamento do estádio Carneirão.
“Cada lugar que a gente vai tem uma recepção diferente. São olhares diferentes que o público de Alagoinhas tem, o público da Bahia tem, com relação aos nossos espetáculos. É uma grande experiência, porque não tem lugar igual, as pessoas são diferentes, e a gente aprende a também até mais do que, de repente, se a gente estivesse numa sala de teatro em São Paulo fazendo sempre para o mesmo público”, afirmou Orlando Moreno, coordenador geral e idealizador do projeto “Em Cena Brasil”.
Segundo ele, foi com foco em interiorizar a cultura que a Companhia , com vários núcleos de criação, resolveu apostar no projeto itinerante que circula pelo país com uma infraestrutura técnica completa e muitas histórias para contar.
Pela 2ª vez em Alagoinhas e contemplando apenas 3 cidades da Bahia na rápida passagem pelo estado, o grupo comoveu o público local. “Eu adorei. Foi maravilhoso! Muito bom! Meu filho amou. Ele se divertiu muito, eu me diverti muito, foi maravilhoso! Amanhã vou retornar com toda a família. Vou trazer mãe, pai, primo, todo mundo, porque foi realmente muito bom! Espero que tenha mais vezes”, comentou Emanuele Santos Costa no sábado, após as apresentações do grupo.
Maria de Lurdes Francisca dos Santos, que levou a bisneta para assistir aos espetáculos, era só risos durante a apresentação. “Achei ótimo. Gostei muito, me diverti demais”, pontuou.
Para Carmelita Baleeiro, são espetáculos que aproximam o público das artes, fundamentais para o cidadão. “A gente precisa dessas coisas, para distrair a gente. A gente é carente de cultura e são ações para a família toda”, disse no sábado, enquanto acompanhava a filha e a neta nos shows do “Em Cena Brasil”, que seguiu com a programação das 16h às 21h, tanto no sábado quanto no domingo.
A secretária de Cultura do município e vice-prefeita Iraci Gama prestigiou a realização e ressaltou que projetos como o da Cia Abaré de Teatro são uma oportunidade de propiciar, às crianças e aos pais, um encontro com a arte e a cultura, fundamentais para o desenvolvimento. “Tudo isso é muito importante para a nossa alma. Nós sabemos que estes espaços de criação são sempre espaços ilustrativos para a vida. O governo tem a obrigação de cuidar das ruas, tem a obrigação de tapar os buracos, de buscar as fábricas, mas tem a obrigação primeiro de cuidar das pessoas. E isso aqui é uma forma de cuidar das pessoas, das nossas pessoas mais importantes que são as crianças. É isso que temos feito com apoio de Joaquim Neto”, enfatizou.
O Festival “Em Cena Brasil”, que reuniu centenas de pessoas neste final de semana, no estacionamento do Carneirão, é uma realização do Ministério da Cultura com patrocínio do Adargh Group que contou, nesta edição, com apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo (SECET).