O prefeito de Alagoinhas Joaquim Neto sofreu uma derrota que não estava na conta. O projeto do Executivo que previa um empréstimo de R$ 15 milhões foi derrubado pela oposição por 8 X 7, e teve vários capítulos que marcaram a votação.

Com a galeria lotada, presença de seis secretários, diretores e coordenadores de diversas áreas da administração, o Executivo dava como certa a aprovação do projeto, mas foi atropelado por um voto dissidente, o do pastor Lins, que foi a cereja do bolo da oposição, além da ausência injustificada do vereador Gode, que faz parte da bancada de Governo.

A oposição foi mais rápida, intrépida e agiu mais rápido do que o Executivo, que tinha a máquina na mão, mas não tinha articulação suficiente para aprovar o projeto.

Na última terça-feira (3), a Câmara Municipal realizou uma audiência pública, onde os secretários da Fazenda e Secin apresentaram suas justificativas para a aprovação do projeto à comunidade, tendo muitos opositores presentes.

Hoje (5), o plenário da Câmara estava lotado e a expectativa era pela aprovação. Com a ausência do vereador Gode e com o voto desfavorável do vereador pastor Lins, o projeto foi derrubado e será arquivado. A oposição comemorou o resultado, mesmo com um placar inesperado.

Os vereadores Luciano Almeida, Luciano Sérgio, Darlan Lucena, Caio Ramos, Anderson Baqueiro, Pastor Lins, Thor de Ninha e João Henrique votaram contra, totalizando 8. Os vereador Gilson Guimarães, José Cleto, Raimunda Florêncio, Edilson Ferreira (Duy do Frango), Juracy Nascimento, Noberto Alves (Bebé) e Ozeas Menezes, votaram favoravelmente ao projeto, totalizando 7, insuficientes para a aprovação.

Sobrou articulação, mas faltou confiança

As palavras do vereador Pastor Lins à imprensa ao final da votação resumem a derrota do prefeito Joaquim Neto. “Eu falei que não é assim que se trata um vereador”, em alusão ao tratamento dispensado pela administração ao seu mandato.

A oposição fez sua parte. Convocou audiência pública, foi aos veículos de comunicação e convenceu aos seus pares da inviabilidade de o município contrair mais um empréstimo, endividando os cofres públicos para o próximo gestor, mesmo com um ano de carência.

Os secretários Gustavo Carmo (Comunicação e Governo), Jorge da Farinha (Institucional) e Jessé Bicodepena foram os responsáveis pela articulação junto ao Legislativo, mas surtiu infrutíferos diante dos argumentos e da pressão da oposição.

Governo Joaquim tem liderança fraca e inconsistente

A liderança do vereador José Cleto, à frente da bancada Governista, se mostrou mais frágil do que nunca. A ausência do vereador Gode deixou a Câmara em suspense, mas nem o líder nem os demais membros da bancada sabiam onde o vereador se encontrava.

Cleto não agrupa, conversa demais e não tem consistência de aglutinação. Sua liderança é contestava, mas sobrava o vereador Gilson Guimarães, também inconsistente em seus argumentos. Os demais se mantiveram calados do início ao final da sessão. Ninguém queria se comprometer em falar algo que viesse a depor contra seu mandato e seu eleitorado no futuro próximo.

O desaparecimento do vereador Gode lembrou votações do passado, quando um vereador, que teria voto decisivo na Câmara, desapareceu da cidade. Foi visto em Salvador, almoçando com a família. Ainda não se sabe o paradeiro de Gode e o porque de sua ausência.

Vereador Roberto Torres se exime da responsabilidade de aprovação

Se o prefeito Joaquim Neto saiu derrotado na votação, o vereador Roberto Torres, presidente da Câmara, saiu vitorioso. Caso tivesse o voto do vereador Gode e o processo ficasse empatado, como era previsto, o voto de minerva do presidente da casa seria decisivo.

Como não foi necessário, pois a votação ficou em 8 X 7, Roberto Torres tirou um peso das costas, pois, mesmo com total independência e sabendo do ônus que arcaria, seu voto seria favorável ao projeto.

Com a votação favorável à oposição, o vereador Roberto Torres saiu fortalecido politicamente, mas desconfortável perante o grupo joaquinista, que terá que rever seu projeto de reeleição.

Aprovação seria importante, mas em ano de eleição o jogo virou

A eleição em Alagoinhas foi colocada na bandeja durante o processo de votação do projeto que garantiria ao prefeito Joaquim Neto um volume de recursos de R$ 15 milhões e mais R$ 15 milhões já assegurados por ele na consolidação de obras em bairros que nos últimos três anos não foram beneficiados.

Porém, em ano eleitoral, o peso da oposição foi grande e imputou ao prefeito Joaquim Neto uma nova derrota, uma vez que no final do ano passado já havia sido derrotado em outro projeto que previa empréstimos de R$ 35 milhões.

Agora, o prefeito Joaquim Neto deverá fazer uma série de mudanças em seu corpo de secretariado, fortalecendo sua base e arrumando a casa para as eleições do dia 4 de outubro.

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