Os jornalistas de verdade de Alagoinhas e suas incríveis máquinas voadoras – Por Paulo Dias

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Paulo Dias

Há três caras e uma garota para os quais eu verdadeiramente ‘pago pau’ na comunicação de nossa cidade. São eles, Rui Albuquerque, Belmiro Deusdete, Wanderley Soares e Midian Bispo. Agora, trabalhando para o News in Foco, passo a admirar mais Caio Pimenta, com muito orgulho, meu chefe, com idade de ser meu filho e começo a conhecer mais de perto o trabalho de Haroldo Azi. Eu tive problemas com Haroldo há um tempo atrás, mas conversamos cordialmente a respeito, junto com o saudoso advogado Paulo Ott, que foi gentilíssimo comigo, e quando Caio resolveu me contratar para escrever para o News Infoco e para a rádio web 2 de Julho, Haroldo me recebeu de braços abertos. Apesar de falar sobre o trabalho dele e sobre ele, jamais recebi de sua parte qualquer tipo de censura – ele é um dos Azi do bem. Por parte de Caio Pimenta, a mesma coisa, acho ele a grande novidade do jornalismo alagoinhense e Luciano Reis, que já era meu amigo, e agora somos colegas, tudo em paz, ótimo ambiente de trabalho.

Mas voltando. Rui Albuquerque sempre foi meu amigo, nos afastamos um tempo, até mesmo por diferenças quanto à forma de jornalismo que cada um resolveu fazer, mas hoje eu tenho certeza que ele é um gênio, sua capacidade de comunicação é monstruosa. Precisamos fazer o memorial do jornalismo alagoinhense para que pessoas como Rui Albuquerque fiquem para sempre. Sempre adorei o texto de Rui, mas nunca disse isso a ele, sei que ele sabe, nos respeitávamos(respeitamos) como colegas e nos amávamos(amamos) como amigos. Ele é nosso jornalista, nosso patrimônio. Assim como Belmiro Deusdete, com seu texto singelo e preciso, carinhoso, gostoso, contundente, é mágico. Belmiro é outro queridíssimo amigo e meu norte para fazer jornalismo em Alagoinhas. Tive a imensa honra de trabalhar para ele por alguns meses.

Esses dois caras me ensinaram muito. É a base que eu uso.

Wanderley Soares é mais elogiado como jornalista radiofônico, mas é preciso conhecer(atentar para) seu texto, como eu que sei o que é um texto(vá a merda a modéstia), para saber que ali tem veneno. É um texto franco, denso, lapidado. É o cara com o melhor português de todos nós, não se arrisca com floreios, mas quase nunca erra. Trabalhei muito com Wanderley, me ajudou muito, assim como Rui Albuquerque que me levou para a Ascom de Joseíldo Ramos. Na época, como sou primo de João Lopes, ele não queria me contratar de jeito nenhum. Rui meteu o pé na porta e disse “vai fixar o menino”, kkkkkk. Lá fiz dupla, cobrindo todas as secretarias, com Sandro Santana, jornalista e escritor. Voltando a Wanderley, foi muito legal e divertido batalhar com ele, pagava bem, certinho e carregava o piano junto, ele escrevia mais do que eu e olhe que eu escrevia muito. Wanderley é a melhor pessoa para se ter como amigo.

Falando em escrever muito, acho que Midian Bispo é a pessoa que escreveu e escreve no mesmo ritmo, intensidade e volume que eu. Hoje, por exemplo, escrevemos duas a três matérias por dia. Somos os rei e a rainha  do whatsapp, no momento. Eu fiz 144 matérias para o News Infoco e a radio web 2 de Julho, mais 5 extras e quatro artigos em 45 dias de trabalho. Quando atuei na Previdência Social, em Salvador, com Davi Oliveira(grande jornalista, grande escola) fiz 800 textos em 360 dias de trabalho, publiquei 60% deles no site oficial nacional do órgão, era o campeão de publicação on line entre os jornalistas, perdendo para o assessor que tinha 100% de aproveitamento.

Quando trabalhei para o ex-prefeito de Alagoinhas, João Fiscina, tratava-se da implantação da primeira assessoria de comunicação(ascom) da cidade(região), eu fui o primeiro repórter lotado nesse órgão – eu sou pioneiro da comunicação oficial nesses termos(antes houve jornalistas, vinculados à Segov, inclusive Rui Albuquerque, se não me engano, é o pioneiro dos pioneiros). Então, na época, cobri sozinho as seis secretarias existentes, o assessor cuidava apenas do gabinete, o serviço pesado era comigo. Fiz para Fiscina a primeira revista de balanço anual da história da cidade, 1998, com textos meus da primeira à última página e fiz o primeiro programa de rádio oficial editado, com um radialista de Feira de Santana, Eliel Passos. No SAAE, implantei a primeira assessoria de comunicação da autarquia, com notas diárias para as rádios locais, comunicava previamente a paralisação do sistema e a previsão de retorno, também em carro de som. Montávamos um stand pedagógico, na praça Rui Barbosa, todos os anos, na comemoração do Dia Mundial de Água e no parque de exposições, quando explicávamos para centenas de estudantes o sistema de água e de esgotamento sanitário, que começava a ser implantado.

Fui o jornalista do Plano Municipal de Saneamento Ambiental do Município (preciso ver se botaram meu nome nos créditos) e redigi junto com Admilson Santos, jornalista da PMA, e com um técnico da área, o projeto da Cooperativa dos Catadores de Lixo, muito elogiado no Ministério das Cidades. Participei das campanhas vitoriosas de Elionaldo Faro e Joseíldo Ramos, como recompensa ganhei um verdadeiro pé na bunda, no mesmo momento que presenciei várias meninas, que apareciam de vez em quando distribuindo simpatia(se é que você me entende), ganharem empregos. Pensei comigo, deveria ter nascido mulher, talvez não precisasse nem trabalhar. Pedindo aqui desculpas as mulheres trabalhadoras e guerreiras que com o suor de seu rosto e trabalho conseguem muitas vezes sustentar suas famílias.

Atuei, por três meses, na Câmara de Vereadores, substituindo Isis Favilla, de licença para cuidar da saúde. Quando ela retornou, propuseram que ficássemos os dois, mas eu é que fiquei doente, dessa vez. Meses depois, substitui Paulo Coutinho no Programa institucional da prefeitura do governo Paulo Cezar, durante seis meses, foram 24 programas realizados. Depois fiquei fixo na assessoria, menos de dois meses depois, me envolvi em uma briga de bar, apanhei de um namorado ciumento e bêbado, porque escrevi uma frase poética para uma garota em um guardanapo – patético, eu bebia nessa época. Um dado: o cara não curtia poesia. Tinha gente da PMA presente, foi um vexame, enfim, desisti do trabalho, não tive cara de enfrentar a turma da fofoca da viúva – o clima interno da assessoria era péssimo e a primeira-dama não gostava da assessora (grande, muito grande jornalista, Samuelita Santana).

Bom, e Midian Bispo? Ela pega pesado no trabalho, eu também sou assim. Acho que somos os jornalistas que mais escreveram textos em Alagoinhas e escrevemos diariamente anos a fio e continuamos produzindo com a mesma quantidade e qualidade que qualquer outro jornalista de qualquer uma das 23 capitais, aqui nesse excepcional interior. O texto de Midian é cheio de eletricidade, surpreendente, devastador, com construções originais, peculiares. Às vezes, ela toma um caminho, você diz: não acredito, ai ela faz um troço que tudo passa a fazer sentido. Muito bom ler Midian.

Estes jornalistas que destaquei, todos têm texto com assinatura e griffe. Caio Pimenta e Hugo Azi estão nessa mesma escola, bons textos também, uma articulação forte de ideias, ambos têm precisão e uma forma de dizer criativa e agradável. O texto é uma coisa viva e já deu para notar que eu gosto muito de texto e sei apreciá-los como um sommelier com uma taça de vinho. Eu não sou um profundo conhecedor de gramática, mas desconfio que sou um dos que mais conhecem texto e, com certeza, um dos que mais dele gosta. Só pra constar, eu sou muito honesto, todos sabem como eu sou honesto, o mais honesto depois de Belmiro, mas só consigo ser bom com quem é bom.

Paulo Dias é jornalista, graduado pela UFBA, especializado em Pedagogia e mestre em Cultura e Literatura pela UNEB. Tem passagens por vários jornais e assessorias de comunicação em Alagoinhas e Salvador. Atualmente escreve para o site News Infoco