Jimmy Kimmel , apresentador e comediante americano, que apresenta neste domingo (4) a 90ª edição dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, terá uma missão ainda mais difícil do que teve em 2017, quando estreou na função. Tudo porque, além da figura de Trump e da pressão de fazer um trabalho melhor do que fizera no ano anterior, Kimmel terá que lidar com a gafe histórica no fim da cerimônia do ano passado e com os movimentos que surgiram na esteira das denúncias de assédio sexual em Hollywood . Como abordar o #Meetoo e o Times´Up em um viés satírico, sem ser deselegante? Como remeter à gafe do ano passado de maneira cativante quando todos esperam alguma referência esperta?

Mas não é apenas Jimmy Kimmel que precisará dar respostas satisfatórias neste domingo (4). Há muita pressão sobre a Academia por escolhas fora do convencional. Após uma cuidadosa seleção de indicados, a questão que se faz ao Oscar é se ele seguirá as tendências da temporada de premiações ou se inovará e consagrará filmes e artistas dignos de prêmios com o peso de seu prestígio e sua envergadura no âmbito da indústria. A escolha de “Moonlight” no ano passado, tão inusitada e inesperada, reforça a expectativa de que é possível esperar por escolhas mais arejadas em 2018. O que quer dizer que a polarização entre “A Forma da Água” e “Três Anúncios para um Crime”, que vem pautando as principais premiações até o momento, pode ser furada por outro filme.

É um Oscar de temas importantes. Liberdade de expressão, tolerância, racismo, feminismo e liderança política. Qual caminho seguir? O Oscar é a expressão do momento, de como tal filme se comunica com os acadêmicos, é sobre ser querido e, muitas vezes, não ser polarizante. Nesse sentido, produções como “Três Anúncios para um Crime” e “Corra!” reúnem tanto admiradores inflamados como detratores bem dispostos. É difícil que filmes com essa composição consigam triunfar em Melhor Filme. Mas os tempos são outros. O Oscar parece cada vez mais suscetível a sensibilidades externas e essa característica é promotora de mudanças profundas e bem-vindas.

A vez de Del Toro

Cena de
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Cena de “A Forma da Água que lidera a corrida pelo Oscar 2018 com 13 indicações

O cineasta mexicano Guillermo Del Toro chega como favorito absoluto ao prêmio de direção. Ele deve consagrar a década mexicana no Oscar e fechar o ciclo dos chamados “três amigos” e triunfar na categoria depois de Alfonso Cuarón (“Gravidade”) e Alejandro González Iñarritu (“Birdman” e “O Regresso”). Mas são justamente esses fatores externos que podem privilegiar Greta Gerwig, que seria a segunda mulher a vencer na categoria, e Jordan Peele, que seria o primeiro negro. Outra marca que precisaria cair é o fato da academia ser resistente a outorgar tão nobre prêmio a diretores estreantes. Mas já aconteceu antes com Tom Hooper, Sam Mendes e Robert Redford.

O filme de Del Toro, “A Forma da Água” reúne 13 indicações e pode prevalecer em grande parte delas, mas é fundamentalmente favorito apenas em trilha sonora e direção. Pode se tornar o maior perdedor da história do Oscar. “Gangues de Nova York” (2002), “Trapaça” (2012) e “A Cor Púrpura” (1985) encabeçam essa inglória lista.

Atuações

Gary Oldman como Winston Churchill
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Gary Oldman como Winston Churchill

Poucas vezes nessa década se viu uma corrida tão bem delineada em torno dos favoritos como em 2018. É improvável que haja alguma surpresa nesse campo, mas seria muitíssimo bem vindo.  Gary Oldman deve prevalecer entre os atores por sua caracterização de Winston Churchill em “O Destino de uma Nação” enquanto que Frances McDormand deve faturar seu segundo Oscar por “Três Anúncios para um Crime”. Entre os coadjuvantes, Sam Rockwell (“Três Anúncios para um Crime”) e Allison Janney (“Eu, Tonya”) devem manter a tônica da temporada e coletar seus Oscars logo em suas primeiras indicações.

O melhor do resto

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“The Square” é um dos filmes mais cotados para vencer a categoria de Melhor Filme Estrangeiro

A disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro é uma das maiores incógnitas da noite. O vencedor da Palma de Ouro “The Square” é o favorito, mas isso não quer dizer muita coisa nessa categoria. O chileno “Uma Mulher Fantástica” e o libanês “O Insulto” podem surpreender.

James Ivory, que foi persona frequente no Oscar no final da década de 80 e início dos anos 90, é favoritíssimo ao prêmio de roteiro adaptado por “Me Chame pelo Seu nome”. Entre os originais, Martin McDonagh (Três Anúncios para um Crime) e Jordan Peele (“Corra!”) polarizam.

A animação
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A animação “Viva – A Vida É Uma Festa” é um dos indicados da Pixar em Melhor Animação

A Pixar deve manter seu reinado entre as animações com “Viva – A Vida é uma Festa” e a categoria de documentário deve prestigiar a icônica Agnès Varda com seu filme “Visages, Villages”.

A 90ª edição do Oscar será transmitida pela TV paga, no canal TNT a partir das 20h30, e pela TV aberta, na Globo logo após o “BBB”. A cerimônia propriamente dita começa às 22h.

Fonte:ig