Para os comentaristas do programa Primeira Mão, Jéssica Senra não pode chamar os policiais de “Capítães do Mato”

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Na foto José Gomes, à esquerda, e Caio Pimenta, a direita

Caio Pimenta e José Gomes, comentaristas do programa Primeira Mão, analisaram a polêmica em torno de uma fala de Jéssica Senra, apresentadora do BATV, na qual chamou os policiais de serem historicamente continuadores da cultura do Capitão do Mato, a corporação teria sido instituída para reprimir os negros pobres em favor dos ricos e brancos. Nunca se ouviu da boca de Cid Teixeira, grande historiador baiano, professor de muitos jornalistas, tamanho absurdo. Essa não é a primeira vez que a apresentadora se envolve em polêmicas em defesa de minorias. Capitão do Mato eram negros que tinham a função de capturar negros em fuga e castigá-los severamente, no tempo da escravidão. Antigamente se dizia que eram em geral mestiços, muitos descendentes de índios, pela sua habilidade de andar nas matas, recentemente se disseminou a versão de que eram negros e hoje, todo negro, que contesta a esquerda negra é recebe essa pecha, tudo muito ideológico e contestável.

O apresentador local do Brasil Urgente, Uziel Bueno, disse que Senra não chamou igualmente os funcionários da emissora de feminicidas, quando um deles tentou matar essa semana a esposa. Gomes mencionou que a Polícia Militar é uma instituição muito grande, que exerce a primazia do Estado do uso da força, portanto as generalizações podem levar a uma imagem distorcida de sua conduta. Ele falou ainda que a comunicadora pode estar empolgada com a fama, o que lhe faz não ter um bom julgamento com temas delicados. Jéssica hoje faz parte da bancada do Jornal Nacional.

A ideia de Senra parece que não se sustenta porque em países de maioria absoluta branca, a polícia é branca e age sobre uma população criminosa branca. Em Israel, o policial é judeu e age sobre criminosos judeus. Assim acontece na China, na Mongólia, no Japão, nos países árabes, portanto não é objetivo das polícias a repressão racial ou o racismo ou atuar predominantemente para garantir a exploração de uma raça sobre outra. A polícia foi usada para garantir uma supremacia cultural branca, reprimindo candomblés, rodas de samba e de capoeira. Foram usadas como instrumento de uma elite branca, mas isto está muito longe de assumir o lugar dos capitães do mato. Tratar pejorativamente a polícia só fará com que policiais morram em serviço ou sejam executados em períodos de folga. Nessa guerra, policiais inocentes estão morrendo e salvando vidas, a generalização é irresponsável e cruel, fazendo com que bons profissionais paguem pelos erros dos ruins.

É bom lembrar que Ciro Gomes responde a processo por ter chamado o vereador do MBL, Fernando Holiday, de capitão do mato. Nessa linha de raciocínio, qualquer policial poderia processar Jéssica Senra. Caio Pimenta advertiu que as pessoas não podem dar razão a uma outra só porque fala bem. Uma pessoa bonita, que fala bem, como Senra, pode ser muito convincente, mas conhecimento não está ligado necessariamente a esses atributos. Existiram intelectuais que gaguejavam, a exemplo de Noel Rosa, ou tinham péssima aparência. João Ubaldo contava que foi barrado em hotel de luxo onde ele seria o palestrante. As aparências enganam, uma vez Charles Chaplin se deparou no interior da França com um concurso de imitadores de “Carlitos”, personagem, que ele imortalizou, resolveu, de brincadeira, participar, sem que ninguém soubesse, ficou em terceiro lugar.

Por Paulo Dias para o News Infoco