Amigo leitor, a falta de confiança do eleitor alagoinhense na seriedade da pré-candidatura de Radiovaldo Costa à prefeitura de Alagoinhas já foi alvo de comentários meus aqui nesse espaço ( leia aqui ) e revisitar este tema não seria necessário, caso novos fatos viessem a baila, como de fato ocorreu.

Radiovaldo Costa, líder sindical dos petroleiros, ex-vereador da cidade por 3 mandatos e candidato a prefeito e deputado estadual tantas outras vezes, sem êxito, em entrevistas concedidas à diversas emissoras locais, tem criticado os questionamentos sobre sua pré-candidatura e pedindo a troca de pauta dos noticiários: ao invés de questionarem as condições de sua pré-candidatura, promoverem um debate entre todos os pré-candidatos para discutir os problemas da cidade.

Colocando de lado a presunção e ousadia do petista em querer pautar o que deve ser ou não abordado na imprensa, o pedido de Radiovaldo, se não for considerado uma piada, deve ser entendido como uma forma desesperada de combater, talvez, o seu maior obstáculo eleitoral: A desconfiança do eleitor de que ele não será o candidato do PT nas eleições do ano que vem.

Propor um debate entre pré-candidatos a prefeitura que não foram oficializados e sequer possuem um programa de governo é algo absurdo.

É no programa de governo, peça fundamental para qualquer candidatura, que se coloca os diagnósticos, diretrizes, compromissos e soluções de cada candidatura para os problemas da cidade, estado ou país. A confecção e publicação deste material acontece em momento oportuno, que não é este. O plano de governo serve como base para que qualquer jornalista, ou radialista, com um pingo de seriedade, possa questionar os postulantes ao cargo.

A menos que Radiovaldo Costa venha público dizer que já possui todos esses direcionamentos e que seus adversários também já os possuem para que o debate seja algo realmente produtivo, tal atitude do pré-candidato pode ser entendido como um ato de desespero para eliminar de vez a desconfiança do eleitorado. Desconfiança essa que foi criada pelo histórico do próprio partido ao qual pertence, o PT. Ou não é de conhecimento de todos as mudanças e interferências de última hora promovidas pelo PT em eleições anteriores? Uma delas, inclusive, culminou na saída do próprio Radiovaldo da sigla.

A situação se torna ainda mais esdrúxula quando se coloca Radiovaldo contra a realidade de sua pré-candidatura: ELE SE APRESENTA COMO PRÉ-CANDIDATO DE UM PARTIDO PRESO A UMA FEDERAÇÃO. Sem o apoio do PC do B e do PV, sua pré-candidatura se torna simplesmente um devaneio.

Outra questão não menos importante é a negociação pública entre o PT e o PSD por uma aliança nas eleições municipais. A própria deputada Ludmilla Fiscina(PV), colega sua de Federação, afirmou em entrevista concedida ao programa Primeira Mão, da rádio Ouro Negro 100,5 FM, que o governador Jerônimo Rodrigues já sinalizou que quer a aliança de sua base nas grandes e médias cidades baianas e que a prioridade de indicar o cabeça de chapa será dos prefeitos em mandato. Ou seja, prosperando essa linha de entendimento, haverá aliança entre as duas siglas, sendo prerrogativa do atual gestor alagoinhense, Joaquim Neto, indicar quem será o cabeça de chapa.

Querer que os noticiários locais e o eleitor alagoinhense despreze completamente esses fatos é mais um absurdo entre os já citados aqui.

Para Radiovaldo hoje é mais importante as discussões internas, que externa. Ter ao menos o apoio formal dos demais partidos da Federação já seria um bom começo e bem melhor do que querer pautar o que deve questionar o jornalista ou o eleitor sobre sua pré-candidatura. Além disso, ter paciência e dar tempo ao tempo não seria mal negócio, afinal a definição ou não de seu nome para disputa, por força da legislação eleitoral, deverá ser conhecido por todos antes de iniciada as eleições.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.