Assunto amplamente discutido, seja nos noticiários locais, seja nas ruas da cidade, ou mesmo nas redes sociais, a possibilidade de uma aliança politica entre o PT e o PSD em Alagoinhas tem sido a bola da vez. Na opinião de muitos analistas, uma união que praticamente aniquilaria qualquer chance das forças ligadas ao carlismo retomarem o controle da prefeitura. E isso tem sido motivo de preocupação dos partidários de ACM Neto.
Em sua história recente, desde de que passou a existir o instituto da reeleição, nenhum prefeito da cidade conseguiu eleger o seu sucessor. Os motivos para isso são vários: prepotência, falta de diálogo com os aliados, etc. Acontece que o atual gestor, Joaquim Neto(PSD), não esconde o seu desejo de romper esse tabu. Para ele seria um fato politico, talvez até maior do que a eleição de sua esposa, Ludmilla Fiscina, alçada ao cargo de deputada estadual com mais de 60 mil votos no estado sem nunca ter disputado um pleito eleitoral anteriormente.
O líder do PSD no município também nunca escondeu o seu desejo de ter o PT de seu lado. Aliado do governador Jerônimo Rodrigues, a quem ajudou a eleger, Joaquim Neto e Ludmilla Fiscina gozam hoje de grande prestigio junto ao palácio de Ondina. Não é só isso, a conjuntura nacional, com a vitória de Lula para presidência, e a nomeação de Rui Costa para Casa Civil, abriram, literalmente, as portas de Brasília para Alagoinhas.
É nesse cenário politico favorável que acontecem as conversas entre o PT e o PSD em Alagoinhas, com grandes chance de dar certo.
Por outro lado, desde a derrota de ACM Neto ao governo do estado, as forças carlistas da cidade, abrigadas no União Brasil e no PDT, majoritariamente, passam por extremas dificuldades. Alijados das benesses da máquina municipal e estadual, nem sequer os vereadores de mandato pelas siglas tem certeza se conseguirão ser reconduzidos ao cargo.
A debandada de filiados é inevitável. No União Brasil, o vereador mais votado pela legenda na última eleição, Anderson Baqueiro, já anunciou que sairá da sigla. Outro vereador que conquistou mais de mil votos na última eleição, Gode, embora não tenha anunciado publicamente, também deve deixar o partido. Sem duas personalidades tidas como puxadores de voto, como alcançar o quociente eleitoral para eleger ao menos 1 vereador? Vai dar trabalho.
No PDT não é diferente. Em 2020, o partido não elegeu nenhum vereador. Adquiriu assento na Câmara Municipal, após Luma Menezes trocar o Avante pela sigla. Porém Luma, eleita com pouco mais de 1000 votos, só conseguiu se eleger graças ao quociente eleitoral produzido por candidatos do seu ex-partido que não seguiram com ela para o PDT. Terá Luma, num partido mais frágil, capacidade de alcançar o quociente eleitoral necessário para manter o seu mandato? É outra dúvida.
Caso a união partidária entre PT e PSD seja efetivada, a debandada nas duas siglas para partidos da base devem se acentuar.
Não é só isso, se nas projeções para disputa da Câmara de Vereadores, o carlismo em Alagoinhas já enfrentará grandes dificuldades, para o executivo municipal a situação não muda muito. Sem nomes eleitoralmente viáveis, o único nome com recall politico é o do ex-prefeito Paulo Cezar, que coleciona derrotas eleitorais desde 2016 e recentemente foi sentenciado a 2 anos e 6 meses de prisão por envolvimento em um esquema de fraude na licitação do transporte escolar quando geriu o município entre 2009 e 2016.
Com pecha de “sentenciado” e envolto a uma correlação de forças bem menor do que tinha a 4 anos atrás quando foi derrotado por Joaquim Neto, as chances de Paulo Cezar voltar à prefeitura caem drasticamente.
Não resta outra alternativa para o carlismo alagoinhense que não seja trabalhar contra a união entre o PT e PSD. E assim tem sido feito.
Se a estratégia dará certo ou não, só o futuro dirá.
Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.