Na última quinta-feira(31) a Câmara Municipal de Alagoinhas aprovou por 12 votos a 5 o projeto de lei que autoriza a prefeitura a alienar alguns terrenos e imóveis públicos. Os recursos deverão ser utilizados obrigatoriamente em investimentos nas áreas de saúde, educação, infraestrutura, mobilidade urbana e agricultura familiar. A decisão ocorre no momento em que municípios nordestinos promovem diversas manifestações denunciando a queda no repasse de verbas federais e emendas parlamentares pelo Governo Lula, o que vem comprometendo as finanças das prefeituras.

Como se percebe pelo resultado da votação(12×5), o projeto, a primeira vista, dividiu situação e oposição. Porém, o histórico e as relações politicas da oposição alagoinhense demonstram o contrário. Há um certo relativismo quando o tema é venda do patrimônio público. “Se sou governo sou a favor, se sou oposição sou contra”. A postura da oposição é a exemplificação do termo popular “Faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço”. Demonstra a hipocrisia dos atores políticos de Alagoinhas e um profundo desprezo pela coerência.

Tanto a bancada de oposição à esquerda, composta pelo PT e PC do B, e integrada pelos vereadores Thor de Ninha(PT) e Juci Cardoso(PC do B), quanto a oposição carlista, do PDT e União Brasil, composta pelos vereadores Luma Menezes(PDT), Jaldice Nunes(UB) e Luciano Almeida(UB) possuem contradições irreconciliáveis sobre o tema que não podem ser desprezados. Essas contradições revelam mais uma vez o alto grau de oportunismo politico que tomam conta desses grupos..

Como pode os vereadores Thor de Ninha e Juci Cardoso condenar a venda do patrimônio público para investimentos na cidade se o Governo do Estado, comandado pelo PT a pouco mais de 16 anos, promoveu diversos atos nesse sentido? A venda da Cesta do Povo, patrimônio da Bahia desde 1979, talvez seja o maior exemplo. Porém, não podemos esquecer também do abandono do patrimônio da antiga EBDA, alvo de invasões e furtos, inclusive nas dependências de sua antiga unidade na cidade de Alagoinhas.

Se o Governo Joaquim Neto pretende vender imóveis em desuso, o Governo do Estado, comandado pelo PT, vendeu imóveis em plena utilização, em 2020, uma série de imóveis pertencentes ao Governo do Estado foram desocupados para alienação. O mais emblemático, foi o prédio onde funcionava o antigo colégio Odorico Tavares, no Corredor da Vitória, bairro nobre da capital baiana. O caso foi emblemático, pela oposição da comunidade escolar pela venda do terreno. Desesperados, estudantes ocuparam o prédio. O Governo do Estado cortou a água e a luz do imóvel e fez com que a policia cercasse o prédio ocupado pelos manifestantes. Estudantes receberam praticamente o mesmo tratamento que recebem os detentos que promovem rebeliões nos presídios. Tais fatos foram esquecidos, intencionalmente ou não, pelos esquerdistas. Mas faço questão de lembrar.

Por outro lado, a oposição carlista também não pode esquecer que o ACM Neto, principal expoente a nível estadual do grupo, promoveu uma série de alienações de imóveis na capital baiana, no período em que foi prefeito da cidade entre 2009 e 2020, sob a justificativa de obter recursos para construção do Hospital Municipal de Salvador.

Não é só isso, cortejado pelos vereadores Luciano Almeida, Jaldice Nunes e Luma Menezes, o ex-prefeito de Alagoinhas, Paulo Cezar, promoveu diversas “entregas do patrimônio público” durante sua gestão marcada por escândalos e indícios de corrupção. Dois casos foram emblemáticos. O primeiro, a concessão de um terreno, localizado em dos metros quadrados mais caros da cidade, para a Clinica Vida. O segundo, a doação de uma vasta área de terra para os proprietários do “Biscoito da Vovó”, empresa que nunca se instalou em Alagoinhas, e que após abandonar o projeto quis vender o terreno entregue de graça pela prefeitura.

Difícil levar a sério uma oposição que se contradiz o tempo todo. Isso a torna frágil e sem respaldo popular.

Não a toa, a população não aderiu ao chamados dos oposicionistas para que se apresentassem à Câmara Municipal para constranger a base governista. Falta nitidamente a confiança do povo nas “boas intenções da oposição”.

É preciso que haja coerência, é preciso que se respeite o povo de Alagoinhas que não se submete a ser massa de manobra de quem quer que seja.

A eleição está chegando… Isso explica muita coisa

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.