Uma cidade sitiada. Todas as entradas da cidade de Alagoinhas foram fechadas, exceto duas que estavam com barreiras sanitárias. O comércio também permanece fechado desde o dia 25 deste mês e vai até o dia 31. As pessoas foram recomendadas a permanecerem em casa. Mas veja, quis o destino que o primeiro caso confirmado de coronavírus fosse de uma servidora, cargo de confiança lotada na secretaria municipal de fazenda do município.
Pode a primeira vista parecer um fato irrelevante, mas não é. Relatos de colegas de trabalho desta infectada dão conta que a mesma há algum tempo já apresentava sintomas que pareciam ser de uma simples gripe e que mesmo assim ela continuou indo ao trabalho. Nesse ínterim, até a descoberta do vírus, muita gente teve contato com essa pessoa e pode ter contraído o vírus.
É urgente que a prefeitura abra uma sindicância para apurar o fato.
Caso se confirme estes relatos, houve expresso descumprimento de uma recomendação da própria administração municipal, que inclusive foi divulgada exaustivamente pelos meios de comunicação. A ordem era que aqueles servidores que apresentassem sintomas deveriam comunicar aos superiores e se afastar do serviço.
A prefeitura divulgou uma nota oficial ontem(27), após este News Infoco já ter adiantado de forma exclusiva que o primeiro caso se tratava de uma servidora da SEFAZ. Por que não foi feito isso antes? Nenhuma informação nova relevante foi dada na nota da prefeitura.
A nota não esclarece pontos essenciais. Por exemplo: como a paciente pode ter adquirido o virus? Foi em alguma viajem a um local com infestação, foi co um contato confirmado… Ora, sendo algum destes casos, porque não se fez o isolamento voluntário até a feitura de um teste?
É preciso que se esclareça vários pontos. Se houve um comunicado da infectada aos seus superiores no aparecimento dos primeiros sintoma, de que forma se adquiriu esse virus, etc.
É preciso que se esclareça aonde aconteceram as falhas. Do jeito que está posto, houve neglicencia da administração municipal em seu controle interno.
A falta de transparência dos órgãos de saúde presentes na cidade também é preciso ser destacado. Ele fez com que, do dia para noite, Alagoinhas descobrisse que havia 20 casos suspeitos, 90 monitorados e 1 caso confirmado de coronavírus no município. Por que estes boletins não foram divulgados anteriormente?
Houve, sem dúvidas, evidente intenção de se abafar esse quadro instalado na cidade. E se não fosse parte da imprensa, a ‘imprensa séria’ comprometida com a informação de interesse público, não tenho dúvidas que ainda assim tudo estaria nebuloso.
Caio Pimenta é Bacharel em Direito, radialista, comentarista do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco