A revitalização do Distrito Industrial de Sauípe(DISAI) se faz mais do que necessário ao município de Alagoinhas. E em se tratando do atual prefeito, Gustavo Carmo, essa pauta deveria ser, antes de tudo, uma questão moral, pois foi seu pai, o então prefeito Judélio Carmo, eleito com apenas 27 anos, numa campanha apelidada de “zebra” por enfrentar sozinho toda uma classe política dominante dos anos 70, que planejou e criou o equipamento que se tornou símbolo de uma Alagoinhas que via na industrialização o meio seguro de seu desenvolvimento.

Quem ouviu na manhã desta sexta feira(22) as palavras do historiador, e também fiscal da prefeitura, Raimundo Sales, em entrevista concedida ao programa Primeira Mão, da rádio Ouro Negro FM, percebe o esmero e o cuidado que alagoinhenses abnegados e compromissados com o município, liderados por Judélio, tiveram para criar o DISAI. Foram feitos não só estudos de cunho econômico e geográfico, como também de impactos ambientais, numa época em que as discussões climáticas eram vistas com desdém. Para se ter o uma ideia do esmero do projeto do DISAI, ele foi foi o único distrito industrial da época que cumpriu todos os requisitos apontados pela SUDIC!

O abandono daquele patrimônio público foi um dos maiores crimes cometidos por gestões anteriores contra os interesses de Alagoinhas e precisa ser enfrentado pelo atual gestor.

Não é possível que a sociedade, muito menos o poder público, normalize o ato de se invadir e negociar terras alheias, sobretudo quando se trata de terras públicas, onde sequer o usucapião é permitido.

Ver o atual secretário de desenvolvimento econômico ir as rádios alardear que o município não tem terrenos para oferecer às indústrias, enquanto temos um DISAI invadido e abandonado pelo poder público, é simplesmente vergonhoso e inaceitável.

Como é também inaceitável que se desaproprie terras em qualquer canto e instale indústrias em áreas sem o devido estudo seja geográfico ou ambiental, como foi feito no Distrito Industrial de Sauipe. É algo que não combina com um Governo que promete uma Alagoinhas do futuro.

Se faz necessário a retomada do controle total do distrito industrial de Sauípe para que se reestabeleça o objetivo para qual foi criado. É preciso que se faça um levantamento sobre os posseiros das áreas invadidas para que se diferencie que agiu de má-fé e quem foi ludibriado por terceiros que negociaram terras públicas nas barbas de gestores irresponsáveis e descompromissados com o interesse público.

Após o levantamento, nada mais justo que aquele que foi ludibriado seja indenizado ou/e remanejado para outras áreas do município, próprias para a habitação organizada, com acesso a serviços públicos essenciais, e que o município faça a lei alcançar os criminosos que negociaram, e ainda negociam, terrenos públicos, lesando toda uma cidade.

É preciso ter coragem para se concertar os erros do passado e reestabelecer o caminho do desenvolvimento sustentável em Alagoinhas. E isso espero que não falte ao Governo liderado por Gustavo Carmo.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.