A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de colocar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar deve impactar o cenário econômico brasileiro, com possibilidade, inclusive, de influenciar nas negociações entre Estados Unidos e Brasil sobre a tarifa de 50%, imposta pelo presidente Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
Segundo matéria do InfoMoney, o analista de investimentos Alison Correia, cofundador da Dom Investimentos, avalia que a prisão não surpreende o mercado financeiro, que já vinha acompanhando o desenrolar do processo. “Está claro que ele não será considerado inocente. A sentença parece apenas uma questão de tempo”, afirma Correia.
Para ele, a medida reforça a necessidade de busca por uma nova liderança conservadora por parte da direita, tendo em vista a proximidade das eleições presidenciais de 2026. O nome mais cotado para assumir esta posição é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como uma alternativa viável para ocupar o espaço deixado por Bolsonaro. “O mercado já começa a se mover nesse sentido”, observa o analista.
Por outro lado, o real impacto da medida contra Bolsonaro pode ocorrer nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A reação imediata do governo americano, que criticou o ministro Alexandre de Moraes por supostas violações de direitos humanos, pode dificultar o diálogo em torno das tarifas que entram em vigor nesta quarta-feira (6).
Na linha de frente das negociações, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), vem tentando dialogar exceções às tarifas com o governo americano, mas seus esforços diplomáticos podem ser minados pelo contexto político atual, diz Correia. A recente aproximação entre Lula e Donald Trump, que chegou a sugerir abertura para diálogo, agora parece incerta. “Com a prisão de Bolsonaro e o retorno de figuras como José Dirceu à diretoria do PT, o clima político se torna ainda mais sensível”, complementa.
Veículos de imprensa ao redor do mundo complementam a visão de Correia sobre os impactos da prisão de Bolsonaro nas negociações Brasil-EUA, com muitos apontando uma escalada de tensão Brasil-EUA após prisão domiciliar de Bolsonaro. Jornais como o Wall Street Journal, Washington Post e o The New York Post pontuaram o agravamento da crise diplomática, que vinha dando sinais de afrouxamento após o governo americano poupar mais de 600 produtos brasileiros da taxação e adiar em uma semana o início da cobrança.