Projeto leva ballet clássico gratuito a crianças de comunidades em Salvador

Criado em 2017, o projeto social Dança Criança transforma a dança em ferramenta de cuidado, disciplina e descoberta. Com ensino gratuito de ballet clássico e excelência técnica, a iniciativa atende 130 crianças das comunidades de Pituaçu e Lobato, oferecendo não apenas formação artística, mas também um espaço de afeto, criatividade e desenvolvimento humano integral.

Fundado pela mestra em dança Marília Nascimento, o projeto nasce da convicção de que a dança pode ensinar muito além da técnica. “Nossa missão é construir conhecimentos em dança/ballet clássico, incentivando cada criança a desenvolver sua melhor versão a cada dia. Temos o sonho e objetivo de nos tornar um projeto reconhecido por sua relevância social”, afirma a idealizadora.

Milena Dias, designer e fotógrafa, é mãe de Odara, 9 anos. A pequena participa do Dança Criança desde 2022, onde criou um forte vínculo emocional com o ballet clássico. “Minha filha é muito tímida, mas é nos palcos que ela se solta e voa feito borboleta. É um projeto que acolheu a minha filha e encantou a minha alma enquanto mãe e amante da arte. Sou muito grata pela oportunidade e por fazer parte de um grupo tão cheio de luz”, relata.

Um projeto que acalenta a alma

As aulas acontecem no Centro Espírita Cidade da Luz, em Pituaçu, e no anexo da Igreja de Nossa Senhora das Dores, no Lobato, mantendo um padrão de exigência comparável ao de escolas particulares — mesmo sendo totalmente gratuitas. O ensino utiliza a metodologia da Royal Academy of Dance (Inglaterra), com exames e certificações internacionais, complementada pela Metodologia Mandala, criada por Marília. Essa abordagem combina técnica e valores como equidade, honestidade, empatia, humildade, cooperação e consciência, sustentando uma formação que vai além do palco.

“A Mandala atua como um caminho de crescimento pessoal, estimulando a convivência, o respeito e a capacidade de enfrentar desafios”, explica Marília. Por meio da dança, as crianças desenvolvem novas atitudes, fortalecem vínculos e constroem estratégias para lidar com a vida de forma mais confiante. “Nessa proposta, todos podem dançar, independentemente de suas qualidades físicas, idades ou pretensões. Basta dedicação, atenção e disposição para superar desafios”, destaca.

Débora Mattedi, 27 anos, hoje professora do Dança Criança, foi aluna de Marília desde os 5 anos. Ela testemunha o impacto transformador da dança em sua trajetória.

Ao ingressar na equipe pedagógica, diz ter encontrado “o verdadeiro significado de afeto, acolhimento, técnica e paixão”. Para Débora, acompanhar de perto a rotina dos alunos revelou a força social do projeto, que ela define como um espaço onde as crianças se libertam dos medos, enfrentam dificuldades e aprendem a assumir suas particularidades com coragem e orgulho. “Não há palavra linda aos ouvidos que possa descrever suficientemente a alegria de fazer parte desse grupo”, conclui.