PT de Alagoinhas diz não a Joaquim Neto e expõe situação de subalternidade de aliados da Federação – Por Caio Pimenta

0
729

A noticia de que o PT alagoinhense aprovou de forma unânime o indicativo de pré-candidatura própria ao Executivo Municipal nas eleições de 2024 trouxe mais um elemento do que esperar para a próxima eleição no município. Coloca um grande obstáculo nas esperanças de uma união da base do governador Rui Costa, simbolizada na união entre o partido e o prefeito Joaquim Neto, e expõe a relação entre PT, PV e PC do B dentro da tal Federação Brasil da Esperança.

Hoje(22) pela manhã, no programa Primeira Mão, da rádio Ouro Negro 100,5 FM, comentei sobre esta deliberação do diretório petista na cidade. Primeiro que para mim não é nenhuma surpresa. Se em momentos de declínio, o PT lançou candidatura própria na cidade, não seria agora, quando governa o estado e o país, que agiria de outra forma. Diria até que é mais que legitimo, do ponto de vista politico, essa decisão. O PT tem chances reais de eleger o próximo prefeito.

O problema é que esta decisão trás também um simbolismo para o processo: o caráter hegemônico da sigla. Nada cresce ou se desenvolve a sua órbita. Não existe hipótese de aliança se o PT não liderar o processo.

Na eleição do ano passado, a proximidade entre o prefeito Joaquim Neto(PSD) e o PT local para eleição de Jeronimo foi visto como um pontapé inicial da possibilidade de uma aliança para eleição de um sucessor comum entre os grupos. Essa aproximação foi selada com a entrada da primeira-dama do município, a hoje deputada Ludmilla Fiscina, ao PV, no momento em que o partido concluía uma Federação com o PT e PC do B. O PT alagoinhense nunca vai admitir isso, mas a Federação da qual faz parte compõe o Governo Joaquim Neto, portanto fazem parte da Gestão. Professora Iraci Gama, Marcio da Linha Verde, são exemplos de filiados ao PV que integram o Governo Joaquim Neto. Uma chapa com componentes da Federação e do grupo Joaquim Neto ainda pode ocorrer, mas fica claro que o PT não abre mão de indicar a cabeça de chapa, o que colocaria o prefeito numa situação de sujeição.

Um outro aspecto é a visão de subalternidade que claramente o PT tem de seus companheiros de Federação(PC do B e PV). Uma decisão interna desta magnitude, exposta sem uma discussão ampla no âmbito da Federação, deixa claro a importância que a sigla despeja neles. Como ficará Ludmilla Fiscina, sairá do PV para apoiar o candidato do seu padrinho politico e esposo? seguirá na federação e apoiará o candidato petista? Ou teria PC do B e PV a capacidade e coragem de enfrentar e se opor a decisão dos vermelhos? Sinceramente, acho essa última hipótese pouco provável, embora na politica nada é impossível.

Agora tenho que confessar, a decisão da pré-candidatura própria anunciada pelo PT me fez lembrar o que disse meu companheiro de bancada no programa Primeira Mão, José Gomes, dias depois aos resultados das eleições do ano passado, “Não se surpreenda se um ex-prefeito petista voltar a disputar o cargo em Alagoinhas em 2024”. O caminho está sendo pavimentado.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.