Após a lua de mel que desfrutou em seu primeiro mês à frente da superintendência municipal de transporte e trânsito de Alagoinhas(SMTT), Euller Fonseca agora se depara com um problema real, que demanda urgência, e tem o poder de ser um divisor de águas entre o passado de incompetência e letargia que se instaurou no órgão e a era de mudanças que ele prometeu inaugurar. Eu me refiro a crise no transporte público municipal de Alagoinhas.

É bem verdade que já escrevi muito sobre esse tema. Denunciei a irresponsabilidade das ações ex-prefeito Paulo Cezar, grande culpado pelo inicio da decadência do sistema de transporte público municipal. Acusei a falta de atitude e coragem do atual prefeito em nao tomar medidas drásticas para resolver esse mal, além da falta de qualidade da atual composição da Câmara Municipal, salvo raras exceções, que impede que tenhamos alguma esperança que aquela Casa possa contribuir de alguma maneira para solucionar esta crise, até porque, até aqui, nao o fizeram.

A SMTT, palco de interesses políticos diversos, tambem até aqui se mostrou incapaz de resolver essa questão que, apesar de conjunturas nacionais, tem peculiaridades locais e se revistas podem salvar o sistema. Euller Fonseca, se assim quiser, pode ser o condutor destas mudanças.

Se abate sobre o povo alagoinhense um verdadeiro desanimo diante do anuncio do sindicato dos rodoviários que vem por ai uma nova paralisação parcial do sistema na próxima quinta(30). Desta vez o problema é com a empresa Avanço.

Os fatos falam por si só, o sistema de transporte municipal gera prejuízo. Nenhuma empresa consegue manter por um tempo razoável as operações no município. É preciso que o sistema seja abastecido por novos recursos e para isso é preciso vontade politica e um olhar sério para a questão.

É preciso que a administração municipal corrija as irresponsabilidades cometidas pela gestão Paulo Cezar. A primeira delas: voltar a pagar o auxilio transporte ao funcionalismo por meio de vale transporte, como acontecia até o fim da gestão Joseildo Ramos. As empresas terceirizadas que prestam serviço a prefeitura também precisam ser estimuladas a fazer o mesmo. É necessário ainda uma nova legislação que conceda descontos ao empresário que comprem antecipadamente os vales transportes para seus funcionários, tornando atrativo também a este setor. Todos estes valores reunidos seriam uma forma de subsidiar o sistema, sem que prefeitura comprometesse um real de seu orçamento, que já é tão disputada pelas varias secretarias.

É preciso rever ainda outros aspectos da legislação municipal. O transporte publico municipal, único modal de transporte a conferir gratuidades à deficientes, grávidas e idosos, nao pode competir com modais de transportes que nao possui regulamentação e atuam com a anuência acovardada do órgãos de controle. É preciso regulamentar o serviço de mototaxi e fiscalizar o serviço de transporte alternativo. Por outro lado,  é preciso rediscutir as gratuidade de idosos entre 60 e 64 anos, que extrapola o que determina a lei federal que concede o mesmo beneficio a idosos a partir de 65 anos, e com relação a obrigatoriedade de haver cobradores nos ônibus.

É preciso que se barateie os custos operacionais das empresas do sistema de transporte publico, ao mesmo tempo que se fomente o aumento de receita para que a capacidade de investimento seja recuperada. Os efeitos serão: diminuição da tarifa de ônibus, preservando o percentual de lucro dos empresários que hoje praticamente inexiste, e a tão sonhada renovação de frota. Por outro lado, com a recuperação do sistema, novas linhas poderão ser inseridas no roteiro, aumentando o numero de empregos e atendendo demandas reprimidas.

O superintendente Euller Fonseca, como um administrador de currículo invejável, com a experiência que possui, não pode fechar os olhos para o que é evidente. Ele deve capitanear os esforços para que a recuperação do sistema do transporte publico municipal aconteça.

A forma como Euller lidará com esse problema será a demonstração de como será sua administração. Nao será elogios de políticos ou de parte da imprensa, eivados quase sempre de segundas intenções, que darão a gestão Euller Fonseca respeitabilidade, mas sim ações efetivas para resolver os graves problemas que atingem aquele órgão, o mais grave deles: a crise no transporte publico.

Escrito por Caio Pimenta, bacharel em direito, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.