Continuando com a série de entrevistas com os pré-candidatos a deputado estadual com reduto eleitoral em Alagoinhas, hoje apresentaremos a pré-candidata pelo PV, a primeira-dama do município e ex-secretária de assistência social, Ludmilla Fiscina.

Quando marquei com o coordenador da campanha, João Rabelo, soube que iria me encontrar com a pré-candidata a deputada Estadual, Ludmila Fiscina, no hall da entrada do Hotel Ibis, a dois minutos de minha casa. Ela estava atendendo a lideranças comunitárias da cidade e da região.

Rabelo queria me colocar entre o fim de uma conversa e o início da próxima. Disse-lhe para ficar tranquilo, que seria melhor no final de tudo. Vi toda aquela gente que vai Alagoinhas afora lutar pelo voto. Todos revelavam no semblante que iriam passar uma temporada bem árdua. Ludmilla parecia não se cansar, nada acusava em seu semblante, ao mesmo tempo que demonstrava boa vontade em receber os apoiadores.

Quando nos sentamos frente a frente, disparei as perguntas e em pouco tempo se tinha dado os contornos da sua atuação na Secretaria de Assistência Social, de algumas das principais realizações da Prefeitura e de como enxerga um possível mandato como deputada estadual, o que poderá coloca-la na história como a primeira mulher de Alagoinhas a ocupar tal cargo.

Então sem mais delongas, vamos à entrevista:

News Infoco: A senhora ganhou muito destaque na vida pública pelo seu trabalho na Secretaria de Assistência Social do município. Como se reúne dados para planejar as ações de assistência social em um município como Alagoinhas que atrai pessoas de toda região de maneira constante?

Ludmilla Fiscina: Nós, como secretaria de assistência social, temos que ter uma visão ampla, a gente gosta de fazer o nosso estudo, considerando as pessoas de vulnerabilidade… Claro que existem os graus de agravamento, estamos fazendo sempre ações estratégicas de coleta de dados. Com a pandemia de covid-19 ocorreram várias dificuldades e cresceu a demanda. Houve muito desemprego, infelizmente as pessoas perderam aquilo que realmente sustentava a família. Com isso criamos o Plano de Contingência para tentar atingir o máximo de pessoas. Quando fomos atuar de acordo com as pesquisas, começamos pelos conjuntos habitacionais populares, devido a renda e quanto aos benefícios eventuais, atuamos com nossas assistentes sociais e nossas orientadoras que vão em loco fazendo esse registro.  Conseguimos abranger um público muito grande com esse corpo a corpo. Quando intensificamos a visita nos bairros, junto com pessoas da comunidade e com os presidentes de associações, pudemos perceber mais as pessoas em situação de vulnerabilidade em seus diferentes níveis. Isso complementa as informações do Cadúnico, que é superimportante para a gente. Por meio dele, você tem uma noção de renda, de quantidade de filhos, ele estratifica e categoriza. Como eu e a equipe já temos um trabalho de muitos anos, acabamos conhecendo os casos mais graves e urgentes dentre os demais. Esse grupo foi ampliado para aprimorar as visitas sociais e para atuar com várias ferramentas, temos o Cadúnico, temos o CRAS, enfim, existem de fato aqueles que não viveriam com o mínimo de dignidade se não fosse a intervenção pública.

News Infoco: O que se faz de concreto com as pessoas que tem renda esporádica, os chamados bicos, para garantir ao menos a segurança alimentar?

Ludmilla Fiscina: Realmente existem aqueles que não têm as necessidades básicas de alimentação, pessoas que não têm a quem recorrer… A legislação deixa claro que a assistência social não é só a segurança alimentar, mas a adoção de outras ferramentas, por isso que a gente trouxe recursos como os cursos profissionalizantes. Existem programas para dar um suporte emergencial, mas a gente gosta de dar a vara para que as pessoas pesquem. Para alguns, o recurso do Auxílio Brasil não é suficiente, outros não fizeram cadastro, tem pessoas que não têm ainda o RG, atuamos também para auxiliar nesse sentido. Costumo dizer que é um alicerce, são vários pontos a serem trabalhados até atingir o ideal da inserção no mercado de trabalho formal ou informal, mas que garanta uma renda suficiente para cobrir todas as suas necessidades.

News Infoco: O ideal em termos de assistência social hoje seria a empregabilidade e o empreendedorismo?

Ludmilla Fiscina: Bom, quanto a isso, vários fatores são implicados e conectados. Eu como professora, gosto de trabalhar a assistência social vinculada à educação. Se você educa, se você aperfeiçoa, se você tem uma pessoa com certo conhecimento, a probabilidade dela conseguir um emprego é maior, porque existe uma diferença também sutil entre estudar e se qualificar. Existem pessoas que não têm o curso superior, mas existem setores que são mais relacionados à prática e ele consegue desempenhar bem essas funções, passando por um curso de capacitação.

News Infoco: Se eleita, quais ideais nortearão seu mandato, que tipo de projeto pretende apoiar e quais demandas serão priorizadas?

Ludmilla Fiscina: Eu escolhi caminhar pela cidade, caminhar pela região, prestigiando a escuta, o olho a olho, para que eu possa construir essa proposta, essas diretrizes para o mandato. Ver a questão da empregabilidade, do emprego e da renda, ações direcionadas para os jovens, para saúde… Resolvi ouvir a demanda da população para construir um plano para nortear a elaboração de leis, a destinação de emendas e as orientações para decidir pelo melhor para as pessoas na nas votações. Sei que terei um compromisso com Alagoinhas e região e também com todo o estado da Bahia. Mas como professora, vou ter atenção especial para a oferta de creches. Eu também estou muito voltada para o fortalecimento da universidade pública, inserir cursos ligados a novas tecnologias. Devemos fazer ações que estimulem professor e alunos e até mesmo os pais dos alunos a estudar, o conhecimento é sempre transformador.

News Infoco: Qual a análise conjuntural que você faz de Alagoinhas, quais seus pontos fracos e pontos fortes, qual a sua vocação e suas potencialidades?

Ludmilla Fiscina: Vejo que Alagoinhas está em uma rota crescente, mesmo com a pandemia em que tudo piorou em termos de saúde, em termos de emprego, percebo que a cidade está em destaque. O prefeito Joaquim Neto notou a necessidade de intervir de forma sistemática e implantou o Plano de Contingência com uma ênfase muito clara na segurança alimentar, envolvendo também a Secretaria de Educação. Houve famílias, dependendo do tamanho, que receberam cinco cestas básicas. A assistência social também cresceu de forma exorbitante, você vê hoje um maior cuidado com os idosos, enfrentamos de maneira coletiva o problema da mulher vítima de violência. Hoje a gente atende aos conjuntos habitacionais de forma mais coesa. Temos a Secretaria de Cultura que está aí de vento em polpa. Fomos uma cidade referência no combate do covid-19. Estamos avançando, diminuindo a demanda reprimida em saúde. Está se contratando duas unidades móveis para a realização de ultrassonografia, haverá também cirurgias de catarata em grande quantidade. Em breve teremos condições de fazer cirurgias eletivas, com a reforma e adequação da maternidade. Estive com o prefeito, em reunião com a secretária de saúde, para alcançarmos uma resolutividade para os problemas do Hospital Regional Dantas Bião. Hoje a governança passa a ser do Estado. Nos postos de saúde, estamos dedicados para dar uma qualidade maior na assistência. Estamos construindo mais duas unidades, localizadas na Baixa da Candeia e no Jardim Pedro Braga. Estão avançadas as obras de construção do hospital materno-infantil. A UPA de Santa Terezinha que passa a ser uma policlínica para dar um suporte maior para a população.

News Infoco: Como você concebe o crescimento urbano de Alagoinhas?

Ludmilla Fiscina: Isso depende muito do crescimento populacional. Alagoinhas é uma cidade que cresce muito. Hoje a gente percebe o desenvolvimento da Calú, em Alagoinhas Velha, com conjuntos habitacionais, com a escola de medicina, também com a Unirb e o CAM, Também em Alagoinhas Velha. Esses empreendimentos não se implantaram de maneira aleatória, houve estudos… Joseph Wagner, o Petrolar, talvez não devamos falar de eixo, mas de um setor da cidade que tem maior desenvolvimento. Mas temos agora a Avenida Murilo Cavalcante que vai ficar um lugar lindíssimo. Porém tem que haver de fato um planejamento, por isso defendo a realização de um Plano Diretor, você acaba dessa forma organizando esse crescimento.

News Infoco: O fato de você ser filha do ex-prefeito João Fiscina e esposa do atual, Joaquim Neto… Não acha que seu nome estará vinculado a essas duas gestões durante a campanha?

Ludmilla Fiscina: Primeiramente, ser vinculada a essas administrações não é algo que me incomode, mas hoje a candidata é Ludmila. Não podemos, falando no popular, andar olhando para o retrovisor. Depois, a sociedade vai evoluindo e cada pessoa um tem sua forma de gerir… A candidata hoje é uma pessoa que tem uma história de vida, uma experiência de vida e uma experiência de gestão própria. As pessoas terão oportunidade de perguntar: quem é Ludmilla, o que Ludmilla fez, como é como profissional, como pessoa, na Assistência Social e na Educação, como mãe, quais as experiências que ela teve… Hoje a análise é sobre a candidata Ludmilla. Eu já construí minha própria história. Quero que as pessoas debatam comigo, debatam sobre minhas ações, me questionem, mas sobre a minha forma de trabalhar, de agir, as estratégias da profissional, da candidata, da mulher Ludmilla. O que tem a ser analisado é a história de Ludmilla.

 

Por Paulo Dias para o News Infoco