O caos no transporte público de Alagoinhas ganha um novo capitulo. Após o prefeito Joaquim Neto ceder a pressão dos sindicatos que representam os servidores públicos municipais e retornar o pagamento do auxilio transporte em pecúnia para o funcionalismo, a empresa ATP estuda a redução da frota na cidade como forma de fechar suas contas.

Em contato com o site News Infoco, o diretor do sindicato dos rodoviários, Gil Alagoinhas, afirmou que não aceitará a medida, que consequentemente exigirá a dispensa de funcionários, e que a categoria paralisará as atividades, caso haja redução na frota. Sem o aporte de R$ 600 mil advindos do auxilio transporte do funcionalismo, ou sem qualquer outro tipo de subsidio, a empresa diz não ter recursos para garantir o pagamento regular dos salários sem reduzir custos.

No mês de dezembro, a ATP teve dificuldades em pagar o 13º salário de seus funcionários. O sindicato da categoria, diante da situação, ameaçou entrar em greve e acampar na porta da casa do prefeito, caso não houvesse uma solução.

Uma audiência pública foi convocada às pressas pelo presidente da comissão de transporte da Câmara Municipal, o vereador Anderson Baqueiro, onde na oportunidade a secretária municipal de fazenda, Roseane Conceição, anunciou que passaria a repassar valores referentes ao auxilio transporte do funcionalismo para o sistema de transporte público, atendendo a uma exigência, inclusive, do E-Social. Tal modalidade já havia vigorado em Alagoinhas até o final da gestão Joseildo Ramos, do PT.

O repasse efetuado pela prefeitura no mesmo mês de dezembro para subsidiar o sistema garantiu o pagamento do 13º salário dos rodoviários e impediu a paralisação do transporte público na cidade. Porém, os sindicatos SINDACS, SINPA e APLB, descontentes com a ação, deflagraram uma greve geral, restringindo a oferta de serviços essenciais à população e colocando em risco o término do ano letivo na rede municipal de ensino. Após 15 dias de greve, o prefeito Joaquim decidiu aceitar as reivindicações dos sindicatos e retomou o pagamento em pecúnia do auxilio transporte.

O sistema municipal de transporte público sofre com um grave subfinaciamento do custeio do serviço. De acordo com os termos do contrato de concessão, a tarifa técnica( valor do custo real do serviço) já supera R$ 7,00, mas a tarifa pública(valor decretada pela prefeitura) praticada hoje é de R$ 3,90. Esse subfinanciamento é apontado como o principal causador dos problemas existentes no transporte coletivo como falta de ônibus em diversas localidades, atraso de horários, frota de ônibus sucateada e dificuldades da empresa concessionária em honrar compromissos com seus funcionários.

Segundo dados de uma consultoria contratada pela SMTT, o sistema transporta por mês, em média, 107 mil passageiros não pagantes. Ao mesmo tempo que transporta, em média, 294 mil passageiros equivalentes/mês(número extraído da divisão do valor da receita mensal da empresa pelo valor da tarifa). Esse número diminuiu com o começo das férias escolares, o que piora o déficit. Os números são bem abaixo daqueles registrados em 2019, antes da pandemia, onde o sistema transportava em média 500 mil passageiros mês. Com menos passageiros pagantes, a receita não consegue superar os custos da empresa para prestação do serviço.

Em mensagem enviada para este site News Infoco, Gil Alagoinhas culpa o prefeito Joaquim Neto pelo caos no transporte público. “Deixei claro para a empresa que todo o descaso que está acontecendo no transporte é por negligencia do prefeito. A falta de honra da palavra do prefeito e o descaso que ainda é feito por ele em não encarar o problema de frente.”, afirma Gil.

O sindicalista também critica a falta de posicionamento do prefeito. “Foram várias reuniões onde na hora o prefeito deixa tudo bonitinho, fica mais lindo que rabo de pavão quando o prefeito faz suas promessas, mas quando é no dia seguinte aquilo que ele deixou lindo como rabo de pavão, a coruja passa ser miss Brasil diante da palavra dele.” E segue, dizendo ser inevitável a paralisação da categoria. “Como ele(o prefeito) gosta de problema, iremos parar o transporte devido a vários prejuízos que os trabalhadores vem tendo e nosso limite com essa enrolação do prefeito vai ter um fim de verdade. Vamos travar o sistema de transporte e não adianta pedido. Já sabemos onde acampar os trabalhadores”.

O site News Infoco tentou por diversas vezes entrar em contato com o prefeito Joaquim Neto, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.

 

Por Caio Pimenta para o News Infoco