O presidente Michel Temer adiou a viagem que faria na próxima semana para o sudeste asiático pela segunda vez – na primeira, ele precisou adiar por recomendação médica. A previsão era de passagem por Singapura, Tailândia, Indonésia e Vietnã, com embarque no dia 5 e retorno em 14 de maio.
A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto e pelo Itamaraty no fim da tarde deste domingo (29). A justificativa, segundo o Itamaraty, é que a viagem de Temer poderia prejudicar a pauta de votações no Congresso Nacional.
“Tendo em vista o calendário eleitoral, a concentração de votações no Congresso, essenciais ao programa de reformas do governo, e a necessidade da ausência simultânea do país dos presidentes das duas Casas legislativas, durante o período da visita, por exigência da lei eleitoral, a pauta de votações no Congresso ficaria prejudicada”, disse a chancelaria, em nota.
No entanto, o adiamento da viagem ocorre no mesmo período que a Polícia Federal pede que o inquérito que investiga o presidente seja prorrogado, conforme informou o jornal Folha de S.Paulo . A investigação trata-se da edição de um decreto que Temer teria favorecido uma empresa portuária. Ele é suspeito de ter lavado dinheiro de propina por meio de pagamento de reformas nas casas de familiares.
Além disso, na semana que vem a filha do presidente, Maristela Temer, deverá prestar depoimento sobre o caso que envolve o material para reforma de sua casa que foi pago por Maria Rita Fratezi, esposa do coronel João Baptista de Lima Filho.
Por isso, a especulação é que Temer tenha sido aconselhado a encurtar ou cancelar a viagem internacional, para poder ter melhores condições de cuidar da estratégia de reação jurídica.
Justificativa do Planalto
O Itamaraty usa o fato de não ter um vice-presidente desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff como o motivo para o cancelamento do compromisso nos próximos dias.
Dessa forma, caberia ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, assumir o cargo. E na ausência de Maia, a responsabilidade seria do presidente do Senado, Eunício Oliveira. Mas tanto Maia quanto Eunício se tornariam inelegíveis para as próximas eleições caso assumissem. Diante disso, eles precisam deixar o país até o retorno de Temer.
O governo diz querer evitar que uma eventual ausência de Maia e Eunício do país atrase votações consideradas importantes. Dentre elas estão a privatização da Eletrobras, a reoneração da folha e o cadastro positivo. Com o recesso parlamentar, de 17 de julho a 1º de agosto, e o período de campanha eleitoral, o governo teme não conseguir votar as medidas.
Na última viagem internacional do presidente, para o Peru, Maia foi para o Panamá e Eunício viajou para o Japão. Quem assumiu a presidência da República interinamente foi a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.
Adiamentos
É a segunda vez que a viagem de Temer para a região é adiada. No início do ano havia a previsão de uma visita a Timor Leste, Vietnã, Cingapura e Indonésia, entre os dias 5 e 13 de janeiro. Mas em razão de uma cirurgia a que Temer precisou se submeter no final do ano passado para desobstrução, a agenda não ocorreu.
Na viagem que ocorreria no início da próxima semana, estavam previstos encontros bilaterais – quando seria recebido por chefes de Estado – em todos os países. Além disso, Temer se encontraria com investidores na Tailândia e em Cingapura. Já na Indonésia e no Vietnã, estavam marcadas reuniões para firmar acordos comerciais entre o Brasil e esses países.