Após 50 anos, eis que o tão sonhado titulo do Baianão chega para o Alagoinhas Atlético Clube. O time agora entra para o seleto grupo de equipes do interior que tiveram a proeza de desbancar os clubes da capital. Um feito histórico, que ultrapassa os limites do campo e ganha contornos políticos cujo o maior beneficiário é o prefeito Joaquim Neto(PSD).
Sim, para os desavisados, é preciso dizer que esporte e politica, historicamente, andaram juntos. Em 1970, a Ditadura Militar utilizou o titulo mundial do Brasil para revigorar o regime, e foi bem sucedido. Em 1978 foi a vez da ditadura Argentina fazer o mesmo, levando a Copa do Mundo para aquele país que finalmente conquistaria o primeiro titulo mundial. Em 1994, o presidente Itamar Franco só anunciou o plano real, durante a Copa do Mundo. Em entrevistas posteriores ele confirmou que a data foi proposital, para evitar maiores questionamentos e oposição ao plano economico, um tanto quanto complexo aquela altura. E mais recentemente tivemos a Copa do Mundo no Brasil em 2014, fora tantos outros exemplos que não irei citar para não ocupar mais espaço neste artigo.
Mas voltando para Alagoinhas, nesses últimos 50 anos, diversos prefeitos passaram pela cidade, alguns desprezaram o clube, renegando a identidade que o povo alagoinhense sempre teve com a agremiação. Outros, como o ex-prefeito Chico Reis, hoje comentarista do programa Primeira Mão, da rádio Ouro Negro 100,5 FM, assumiram o papel de ‘patrono’ da equipe, não medindo esforços para que o Carcará conseguisse os investimentos necessários para fazer frente aos outros clubes tradicionais. Mas nenhum prefeito teve a consagração que o atual gestor, Joaquim Neto, conquista nesse momento ao ver o time conseguir o tão sonhado titulo estadual.
Joaquim que é médico voluntário do clube há 20 anos e, desde o inicio do seu primeiro mandato, prometeu à Alagoinhas que daria ao torcedor atleticano, que se confunde com os seus mais de 155 mil habitantes, um futuro glorioso, entregou o que prometeu. Aquela época(quando assumiu a prefeitura) o Atlético tentava se reerguer ao disputar a serie B do Baianão, depois de anos de abandono por parte de gestões anteriores e administrações desastrosas que passaram pelo clube.
Pois bem, esse titulo alcançado ontem(23) tem muito da garra dos seus jogadores, do apoio do povo de Alagoinhas, do planejamento realizado pelo presidente Albino Leite, mas inegavelmente, a mão amiga estendida pelo prefeito Joaquim Neto(PSD) fez com que um grito guardado há 50 anos, pudesse ecoar por toda a Bahia. Não a toa, o clima da cidade durante o jogo era de Copa do Mundo. A cada grande lance, a cada gol atleticano, fogos e rojões eram ouvidos nos quatro cantos da cidade. Durante a transmissão, embora a segunda partida da final tenha sido disputada em Feira de Santana, em campo adversário, só se ouviam os gritos de ATLÉTICO, ATLÉTICO, ATLÉTICO. Era sua torcida transmitindo o apoio de toda uma cidade.
Na chegada da equipe à Alagoinhas, o povo por algumas horas esqueceu pandemia, covid-19, crise econômica… E foram às ruas homenagear a equipe. Não tem como a gente condenar a explosão de emoção transmitida pelo povo para a equipe em função do titulo conquistado, após 50 anos de espera. Como controlar a emoção nessas horas?!
Joaquim Neto, assim como tantos atleticanos alagoinhenses, amanheceu afônico, ele que já tem a voz naturalmente rouca, vibrou, torceu, gritou junto com a equipe e os torcedores. A identidade dele com o esporte e o clube é espontânea, é própria dele, isso é fato. Ao longo de seu mandato deu demonstrações disso: reformou o estádio Antonio Carneiro, se envolveu pessoalmente na atração de patrocinadores para o clube, continuou voluntariamente médico da equipe, mesmo com todas os problemas que enfrenta na sua gestão. Ele nunca faltou ao compromisso com o Atlético.
A reafirmação politica do prefeito Joaquim Neto(PSD) como o grande líder que conduziu o clube ao titulo acontece, isso é fato e tem potencial para trazer dividendos eleitorais consideráveis. Porém, não custa lembrar ao gestor, que os problemas estruturais e econômicos por qual passa a cidade podem fazer com que tudo isso venha a baixo. É preciso tratar a cidade com o mesmo zelo com que se tratou o Alagoinhas Atlético Clube.
Escrito por Caio Pimenta, bacharel em Direito, radialista, apresentador do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco